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A liberdade deve ser defendida de projetos tupiniquins de poder

Estando o Brasil, pouco a pouco e sorrateiramente, tendo sua liberdade vilipendiada por quem, em teoria, deveria protegê-la, faz-se necessário e quase que um dever moral tornar a tratar do assunto aqui nesta coluna, neste espaço que tenta traduzir ao senso comum conceitos filosóficos dos mais importantes e fundamentais. Nem sempre é tarefa fácil. Tampouco simples. É, sobretudo, essencial. Liberdade, enfim, significa agir conforme o próprio arbítrio, que seja livre. É falar o que se pensa, agir como se quer, pensar o que seja. Sem censuras.

Entretanto, na ideia contemporânea de sociedade, estamos cerceados por regras e leis que, em suma, além de evitar que seja prejudicada a liberdade e o direito de outrem, nos impõem limites. É, portanto, uma liberdade relativa. Mas, essencialmente, liberdade. Porque não está censurada, impedida ou barrada. Está apenas limitada, conforme princípios de respeito, harmonia, ética e moral. Há diferença nisso. Tanto que, de tempos em tempos, ascendentes do poder flertam com inspirações menos libertárias e mais ditatoriais e totalitárias. Sentem o gostinho do poder. Normalmente, são seres humanos complexados, inferiorizados e que sobem no pedestal da falta de liberdade. Porque, assim, não se sentem mais ameaçados.

Embora tenhamos inúmeros exemplos na história da humanidade, desde os tempos antigos até os contemporâneos, passando pelas Idades Média e Moderna, ainda assim á quem se ludibrie pelos discursos inflamados em defesa da liberdade enquanto que as atitudes dos governantes, notadamente contraditórias, mergulham no sangue da tortura. É o que vemos, de forma explícita e sem escrúpulos, com o governo que boa parte dos eleitores elegeu. Felizmente, não sou cúmplice dessa barbaridade. Durmo com a consciência tranquila.

Baruch de Espinosa (1632-1677), dos mais importantes filósofos racionalistas que a Idade Moderna conheceu, associa a noção de responsabilidade à de liberdade, dizendo que ser livre implica, efetivamente, em assumir uma série de aspectos e conjunto de atos, respondendo por eles. Por isso, é um estupro moral discursar sobre liberdade, independência e autonomia quando se flerta, ora às escondidas ora às claras, com apologias, ideologias e confissões ditatoriais e totalitárias. Você-sabe-quem faz isso o tempo todo. E diz que não o faz.

Se fizermos uma análise sem considerar o mérito de cada pensamento, perceberemos que a liberdade é tratada como um fim inerente à realidade em todos os tipos de conceitos filosóficos de todas as épocas do mundo. Entretanto, é exatamente este fim último que anda ameaçado por projetos tupiniquins de poder pessoal, particular e familiar. Temos de tomar cuidado. E não admitir quaisquer interferência na liberdade que outrora foi duramente conquistada, à custo do derramamento de muito sangue e de vidas ceifadas.

Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela  Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.

Foto: Pixabay

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