Por Ana Paula Barcellos
Esses dias me sentia cansada, estava abarrotada de trabalho e sem ânimo nenhum para começar o dia, mesmo depois de tomar um café maravilhoso… Uma dor de cabeça (quase nunca tenho) começava a despontar e eu sei muito bem o que isso significa: excesso de trabalho, excesso de vida e necessidade de férias. E quem não está assim, né?
Mas a gente nem pode parar. Quando muito, tira uma parte do dia, se reorganiza (uma das poucas vantagens de ser autônoma) e dá um tempo. Ainda assim, não dá pra parar. Tem que se levantar, tomar café, colocar uma roupa e enfrentar o dia e a rotina.
Que roupa, meu deus? Que roupa? Eu, em um dia desses, tenho zero vontade de sair pra vida, que dirá me arrumar! Mas quem não nasceu herdeira não pode escolher tanto, né? Precisa tirar algo do cabide e ir com fé e na força do ódio mesmo.



Me lembrei da mãe de uma amiga que dizia que quando ela se sentia mal ou triste, se arrumava e se produzia muito mais. Era assim, inclusive, que dava pra perceber que ela não estava bem: se a encontrasse muito produzida, podia saber que algo de errado não estava certo. Pois a encontrei super produzida uma única vez, em um almoço de sábado com outras conhecidas, e me lembrei imediatamente disso: ela estava linda, mas nem um pouco radiante. Entendi.
Comigo acontece o inverso, se não estou muito bem meu estado de espírito vai se refletir na roupa. Eu gosto de me arrumar e me produzir quando me sinto bem, feliz. Admiro muito quem consegue sair na estica, como se nada estivesse acontecendo (e conheço algumas pessoas assim, não existe mau humor ou estresse que atrapalhe a rotina do bem vestir, considero isso uma grande habilidade), mas simplesmente não consigo.


Ainda assim, é preciso sobreviver e para isso a gente desenvolve estratégias. Trabalho com tendências, com criação de joias artesanais (semana que vem trago novidades sobre isso), com marketing, com assessoria, não posso me dar ao luxo de sair de casa vestida pelo meu emocional, porque se o telefone tocar ou o zap vibrar e eu tiver uma reunião ou evento de última hora, me lasquei. Faço o quê então?
Vestidos e conjuntos caem bem quando mais nada vai bem
Uso vestidos. E nos últimos tempos, tenho garimpado vestidos como se não houvesse amanhã! Risos desesperados, alô férias! Vestidos são minha boia, meu colete salva-vidas, às vezes minha tábua de salvação mesmo. Pensa bem: peça única, uma infinidade de modelos – e alguns deles servem para um número quase infinito de ocasiões. Vão bem com sapato, com sandália, com tênis, com bota e, graças aos céus, com rasteirinha e até chinelo. É jogar o vestido por cima, calçar o sapato por baixo, acrescentar um par de brincos e um colar e foi. Você está pronta!
Minha terapeuta, na última sessão, me lembrou também do poder dos conjuntos. Eu nem gosto de conjuntos, nunca fui fã. Acho que é porque me remete a uma vibe meio uniforme, não sei. Mas por conta dos cansaços, acabei me rendendo a eles também. Ela fica ótima com eles, eu nem tanto, mas a praticidade e o conforto já me ganharam.



Comprei um conjunto em malha, preto, em uma lojinha minúscula mas muito charmosa na Avenida Maringá. Calça estilo pijama, blusa soltinha. Quando me vi com ele no espelho, já com uma cara mais arrumada (o poder da roupa, né minha filha?), até me animei a jogar um cinto! No mais foram os brincos e o colar de sempre e uma rasteirinha com bolsão. Look garantido, só caprichar no sorrisão e tá feito.
E você, o que veste pra encarar a vida quando não está bem?
Foto principal: Freepik

Ana Paula Barcellos
Viciada em botas, sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências. Tem foto da Suzy Menkes na estante e escreve essa coluna usando pijama velho, deitada no sofá enquanto toma café com chocolate. Me siga no Instagram Me siga no Instagram @experienciasdecabide e @yopaulab
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