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Para ser justo, é preciso ser igual?

Vivemos tempos sombrios e escuros do ponto de vista do pensamento racional. As redes sociais transformaram muitos ignorantes em teóricos disso ou daquilo, filósofos e até intelectuais. Ledo engano. Reproduz-se uma infinidade de bobagens, o que contribui negativamente para o esclarecimento de tudo. A justiça é um dos temas da moda. Mas, eu pergunto: para que se tenha justiça, é preciso ter igualdade?

A pergunta é clara. A resposta, nem tanto. Alguns vão dizer que isso é coisa de comunista, esquerdista e não sei o que. Mais um engano. Traduzindo qualquer teoria nesse aspecto, alcançar-se-ia a justiça não quando todos tivessem tudo por igual. Ao contrário, a diferença é princípio fundamental, porque todos são diferentes. A igualdade está na oportunidade de acesso aos bens e serviços de uma sociedade.

Eu, que sou homem, branco e de classe média, certamente tive oportunidades de acesso ao conhecimento e aos bens e serviços da sociedade mais que outros, que talvez tenham nascido em periferias e não tenham tido possibilidade de um bom estudo. Portanto, aplicar a igualdade no ingresso à universidade não seria lá tão justo. Cenário diferente se realmente todo o sistema educacional ofertado fosse equivalente a quem quer que fosse, sem distinção de classes sociais, de gênero ou raça.

Aristóteles, um dos grandes filósofos da Grécia Antiga, pressupõe que a justiça é “distribuir desigualmente entre os desiguais”. E veja que essa teoria surgiu mais de 2 mil anos antes do comunismo! Exemplo: Se uma família tem quatro pessoas, deve receber da sociedade o suficiente para suprir as necessidades dessas quatro pessoas, sejam roupas, alimentos e outros itens. Já numa família onde vivem dez pessoas, a distribuição obviamente seria diferente, portanto, maior.

Não seria justo que ambas as famílias recebessem bens equivalentes para cinco pessoas, pois em uma delas faltariam as coisas enquanto sobraria na outra. Pois não é exatamente o que acontece hoje em dia? Muitos têm pouco e poucos têm muitos. Isso é justiça?  Para Aristóteles, é preciso resolver esse problema “dando mais a quem tem menos”.

Seja qual for a orientação política, o conceito de justiça não depende de nenhum lado partidário. Depende muito mais de colocar a mão na massa e resolver os problemas. Por isso, nos acalorados debates intelectuais de redes sociais, precisamos pensar um pouco mais no outro. E exercer a alteridade, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro para poder entender e compreender a situação alheia.

Foto: Pixabay

Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela  Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.

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