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Ô humanidade burra!

A humanidade está emburrecendo. E isso é assustador! De quando nasceu a filosofia, mais de 2,5 mil anos atrás, até hoje, tínhamos tudo para estar anos-luz à frente, no pensamento. Entretanto, a tecnologia, uma faca de dois gumes, em vez de potencializar o nosso conhecimento, está retrocedendo nosso raciocínio, nossa capacidade lógica de interligar os pontos. O que nos faz voltar à estaca zero em situações que há muito tempo já foram superadas.

Veja: quando Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo, passou a questionar os mitos e as explicações passivas sobre a realidade do mundo, iniciou um movimento que abandonaria conceitos antes muito críveis, como a terra plana e a existência de monstros marinhos, por exemplo. Tales de Mileto, que cunhou a expressão amigo do saber (filo + sofia), fazia observações do céu e desenhava constelações que observava a olho nu. Hoje, apesar de o homem já ter conseguido chegar à superfície da Lua, espalham-se teorias da conspiração das mais bizarras.

A culpa é da tecnologia? Talvez. Mas, mais culpado ainda é o ser humano, que se torna preguiçoso e menos inteligente. Pesquisa de uns anos atrás, da Universidade de Amsterdam, mostrou que o quociente intelectual (QI) dos ocidentais caiu 14 pontos desde o final do século XIX, apesar de todo o avanço tecnológico. Mais recentemente, o Instituto Nacional de Saúde da França, neste ano de 2020, aponta que a geração digital tem filhos com QI inferior ao dos pais.

O que explica tudo isso? É simples: antes, as pessoas precisavam raciocinar. Como faziam os primeiros filósofos, sem qualquer recurso tecnológico que temos hoje. A tecnologia, por sua vez, trouxe a comodidade da máquina pensar por nós. E aí ficamos acostumados a não precisar raciocinar. Somada a isso, a difusão de notícias falsas pela comunicação de massa potencializada pelas mídias sociais fez um estrago no pensamento racional que já estava indubitável. Felizmente, é uma realidade reversível. E que precisa dar um basta em quem viraliza desinformação e falsidades.

Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela  Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.

Foto: Andrea Piacquadio no Pexels

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1 comentário

  1. Concordo. Realmente, estamos vivenciando a era da grosseria, intolerância, ausência de empatia, da criticidade essencial. A capacidade crítica vem sendo tolhida pelas redes sociais, pelos discursos maniqueístas. Há duas gerações, particularmente afetadas por essa dinâmica produzida intencionalmente pelos algoritmos. É visível. É a maximização da modernidade líquida do Bauman. Tornamo-nos seres líquidos, frívolos.

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