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Enrolada na rede: caí em um golpe por meio de um anúncio no facebook

O pagamento do produto foi feito em uma conta do Mercado Pago, mas a plataforma nega responsabilidade na negociação.

Suzi Bonfim

O LONDRINENSE

Enquanto o projeto de lei 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, está em tramitação no Congresso Nacional, propondo regras para regulamentar e aumentar a transparência das plataformas digitais – que incluem serviços de mensagens, mecanismos de busca e redes sociais – os brasileiros vão ficar numa espécie de terreno movediço sem saber onde, quando e como pisar.

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E, nesse meio tempo, ao “cair”, ou seja, ser enganado por uma publicação no mundo digital e tiver prejuízos morais, físicos ou financeiros, não há nenhum mecanismo fácil e rápido que possa reverter, de fato, os danos sofridos.

No relato a seguir, a experiência com o chamado e-commerce, me deu prejuízos financeiros, mas principalmente, muita indignação diante da conivência por parte das plataformas que admitem que algumas empresas usem a ferramenta para ludibriar os mais desatentos, como eu, neste caso.

Sabe aqueles dias em que a gente está distraída, sem nada pra fazer e fica nas redes sociais de “bobeira”? Pois é, do jeito que os golpistas digitais adoram!

Foi assim, que eu, no feriado do dia 1º de maio, acabei fazendo uma compra em um link do Facebook, sem analisar o que estou cansada de saber: que preciso prestar atenção.

Não era nada demais: uma calça, valor baixo R$49,90, do tipo que eu estava procurando (só depois vi que o anúncio era de duas calças).

Acessei o link, fiz a compra e escolhi pagar por meio de boleto. Isso sim foi a maior bobagem. A empresa emitiu um código de barra, copiei e paguei no aplicativo do banco.

Mas, no minuto seguinte, quando retornei para o site da empresa já não havia nenhuma informação da compra, pagamento recebido, data de entrega ou link pra acompanhar a encomenda.

Sinto um ódio mortal ao cair neste tipo de golpe, sem observar a oferta (boa demais) e, principalmente, às reclamações na rede social sobre o produto que muita gente diz que comprou e não recebeu da empresa.

Detalhe, fui vítima de outros golpes – tenho até uma ação na justiça contra banco por roubo eletrônico na minha conta.

Enfim, consciente do golpe, fui tentar recuperar o meu dinheiro. Fiz contato com a empresa por email e por telefone, sem sucesso.

Na terça-feira (02), entrei em contato com o Banco Itaú (onde tenho conta) e pedi pra cancelar o pagamento. Não consegui. No Procon, a recomendação por telefone foi para denunciar o caso na Polícia Civil.

Ocorre que, por ser um golpe na internet, é preciso ir a uma delegacia especializada em crimes digitais. Londrina não tem e a única do Paraná é em Curitiba, que só atende pessoas que vivam na capital do Estado. Não dá pra acreditar que, na era digital, a Polícia Civil exija que a vítima seja da sua área de atuação para denunciar um golpe. Se está internet, está no mundo, certo?

O pagamento do boleto foi feito em uma conta do Mercado Pago, no Banco Bradesco (CNPJ consta no comprovante). Portanto, a responsabilidade é de quem recebeu o dinheiro, já que o produto não foi entregue. Ledo engano.

Entrei em contato com o Banco Central e registrei o golpe que está vinculado à conta no Banco Bradesco, fiscalizado pelo Governo Federal. Mas, o BC também não tem nenhum mecanismo que permita reembolso do dinheiro depositado na conta do Mercado Pago.

Por fim, entrei em contato com o Mercado Pago – foi preciso uma dose de paciência extra para conseguir ser atendida. Para falar com um atendente, primeiro, você tem que acessar o site e receber um código e só então, consegue verbalizar a situação que está enfrentando.

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Registrei o problema em um setor, fui transferida pra outro e aí, deram um número de protocolo e me garantiram um retorno sobre a devolução do dinheiro. Detalhe: todas as informações da compra on-line estavam no sistema do Mercado Pago: empresa, horário da compra, pagamento.

O Mercado Pago, carteira digital do Mercado Livre, é uma plataforma responsável pela intermediação entre o adquirente, o comprador, a bandeira do seu cartão e o banco. Isso significa que é o Mercado Pago que permite que a transação seja concluída, na própria página da loja onde você está comprando algo.

Duas semana depois, entrei em contato com o Mercado Pago para cobrar a devolução do dinheiro e a resposta da atendente, por telefone foi a seguinte:

“No aplicativo do Mercado Pago, a empresa não apresenta saldo em conta e não tem nenhuma movimentação nos últimos dias. Se chegar a ter alguma movimentação ou entrada de dinheiro na conta, o valor será bloqueado para que a gente possa estar fazendo análise e confirmada a fraude, estar fazendo a devolução (sic). A empresa existe, mas não tem movimentação”.

O que posso concluir é que a plataforma de intermediação de compra e venda reconhece que tem no sistema uma empresa que tem o monitoramento se está em atividade ou não. Quando, e se houver, entrada de dinheiro na conta, o Mercado Pago ainda vai analisar se vai devolver o meu dinheiro, como se não bastasse a comprovação de que foi feito um pagamento e nenhum produto foi entregue.

A plataforma tem os dados da pessoa responsável pela empresa, mas alega que a informação é sigilosa.

Que país é este? Quando o consumidor será tratado com respeito e ter canais eficientes para obter o ressarcimento em casos como este? A investigação de crimes digitais não tem que estar relacionada à localização do internauta.

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