Qual vinho é melhor: reserva ou reservado?

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Por Edmilson Palermo Soares

É uma pergunta comum, feita aqui na loja. Acredito ser uma dúvida de muita gente.

Primeiramente, preciso dizer que a classificação de vinhos tem uma legislação própria em cada país, sendo a nomenclatura usada de forma comum.

Os termos Reserva, Gran Reserva são os mais comuns aos países do Velho e do Novo Mundo.

Estes termos estão relacionados com o tempo de envelhecimento que os vinhos devem passar por barricas de carvalho para que possam evoluir (acrescentar qualidades aromáticas e de paladar devido a este processo), o que ajuda o vinho a ter uma maior longevidade, aliada a outras características como acidez, álcool e taninos.

Na Itália, existe apenas o termo RISERVA, onde cada região especifica o tempo mínimo de envelhecimento de seu vinho.

Uma dúvida sempre surge, na hora de escolher  um bom vinho. Qual o melhor, Reserva ou Reservado? Aqui você tem as respostas
Fotos: Freepik

Já em outros países do velho Mundo, as regras são rígidas em relação ao tempo de Reserva e Gran Reserva em suas devidas regiões (DO, IGP ou AOC).

Na Espanha, ainda temos uma nomenclatura “CRIANZA”, que seria um vinho com uma pequena passagem por barricas (6 meses, no mínimo), e os chamados “ROBLE” (também tem na Argentina e Chile) onde apenas uma parte do vinho (mínimo de 40%) passa por barricas para envelhecimento.

Nos países do Novo Mundo, estas regras não são tão esclarecidas, sendo que cada vinícola utiliza as suas próprias regras para fazer a sua classificação.

É comum você experimentar um vinho Reserva e o Gran Reserva de uma vinícola e não encontrar grandes diferenças, pois o tempo não é muito diferente (podem ser de 3 meses de diferença, enquanto o normal seria pelo menos de 6 meses, nas regras mais brandas).

E o “Reservado”?

Esta classificação foi criada pela Vinícola Concha & Toro, como uma jogada de Marketing para valorizar um vinho que seria como um vinho de combate (vinho estritamente comercial).

Para a produção deste vinho são utilizadas sobras de safras (pode verificar que um Reservado normalmente não tem safra) e um método para “disfarçar” o uso de barricas, conhecido como “Chipagem”.

Este método consiste em colocar, no momento da fermentação, pedaços ou serragem de madeira para aportar um sabor como se tivesse passado por uma barrica, mas não produz o efeito de amadurecimento que as barricas proporcionam e nem o aporte de outros aromas e paladares, somente o paladar de madeira.

Não significa que um vinho Reservado seja ruim, só não é um vinho evoluído.

Já existe um movimento para retirar este nome dos rótulos dos vinhos para não causar esta confusão e o consumidor ser enganado com produtos inferiores com nome de vinho de melhor qualidade.

Existem muitas informações no rótulo que podem o ajudar a fazer uma excelente escolha. Não se deixe enganar.

Boa semana a todos. Saúde!

Edmilson Palermo Soares

Enófilo, sócio proprietário da Confraria da Taverna, loja de vinhos e espumantes que traz novas experiências no mundo do vinho, estudioso e entusiasta, com conhecimento prático provando vinhos de mais de 20 países e diversas uvas desconhecidas do público em geral. Me siga nas redes sociais: no Instagram @contaverna, Facebook Confraria da Taverna e Linkedin

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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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