Por Edmilson Palermo Soares
No Mundo do Vinho, Velho Mundo e Novo Mundo são termos bastante usados.
Esses termos vão identificar qual a origem dos vinhos, de acordo com o país onde são elaborados.
Só existiam os Vinhos do Velho Mundo até que as Grandes Navegações encontraram novas áreas onde se iniciou novas produções de vinhos.
Em termos gerais, Velho Mundo significa vinhos feitos em países Europeus e Novo Mundo para o restante dos países, que se originaram de colônias dos Europeus.

Vamos lembrar que onde o vinho surgiu, e existia o comércio destes vinhos, era o Velho Mundo.
Graças aos Gregos e os Romanos, foi na região da Europa que a cultura do vinho se desenvolveu, se consolidou e avançou comercialmente. O vinho faz parte do estilo de vida dos europeus. Basta ver quem são os maiores produtores de vinho: França, Itália, Portugal, Espanha e Alemanha.
Nesses países, os vinhos são uma expressão do terroir local, muito conhecido pelos viticultores. São rótulos geralmente de qualidade garantida, com séculos de história e estilo bem definido.
Novo Mundo envolve os demais países produtores das Américas, da África e da Oceania, tais como: Estados Unidos, Chile, Argentina, Brasil, Uruguai, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul.
Os países do Novo Mundo sofreram influência europeia em suas técnicas de produção, mas, ao longo do tempo, passaram a definir suas próprias personalidades na viticultura.
Os vinhos do Novo Mundo unem tradição e inovação. Geralmente são bebidas mais versáteis e fáceis de agradar, sem deixar a ousadia de lado. Ainda que você já tenha um país produtor preferido, vale a pena diversificar e experimentar rótulos do mundo todo, a fim de aumentar seu repertório e se surpreender com novos sabores.
Em linhas gerais, no Velho Mundo nós temos as uvas autóctones (nativas da região), as quais são utilizadas para a produção de seus vinhos. Dessas regiões, principalmente da França e Itália, as uvas foram levadas para o Novo Mundo.
Lembrando que existem 12 famílias de uvas espalhadas pelo mundo, mas somente uma delas, a Vitis Vinífera, é adequada para a produção de vinhos, os chamados Vinhos Finos. Esta família não existe de forma nativa no Novo Mundo. Foi através das grandes navegações que estas uvas foram levadas para os países fora da Europa.
As uvas existentes no Novo Mundo são próprias para comer e para sucos. Para e produzir vinhos, elas são pobres de aromas e paladares e não possuem açúcar própria (frutose) para a fermentação alcoólica, necessitando ser adicionado açúcar na vinificação. Os vinhos produzidos com estas uvas são os Vinhos de Mesa.
Pela experiência na produção no Velho Mundo, os vinhos seguem mais tradições e buscam expressar o local de onde os vinhos são feitos (terroir). Geralmente esses vinhos levam o nome dos locais e não das uvas.
Normalmente os vinhos do Velho Mundo são produzidos misturando diferentes uvas (corte, blend ou Assemblage). Esta técnica é uma arte para que os vinhos não apresentem grandes diferenças de aromas e paladares ao longo de diferentes safras.
Alguns vinhos especiais são feitos somente quando a safra das uvas apresenta as qualidades padrões, sendo chamados de vinhos de exceção (não é todo ano que tem vinhos deste tipo).
Dizemos que a qualidade dos vinhos são méritos da região onde ficam.
Já no Novo Mundo, a expressão são as uvas que se adaptaram melhor nos locais onde foram plantadas. Como exemplo podemos citar: A Malbec na Argentina, a Carmenere no Chile, o Tannat no Uruguai, o Zinfandel (Primitivo na Italia) na California, Sauvignon Blanc na Nova Zelandia e a Shiraz (Syrah) na Australia.
No Novo Mundo, a tecnologia e a inovação substituem a tradição do Velho Mundo, e os vinhos produzidos são mais exuberantes, mais frutados e mais fáceis de se beber.
No Novo Mundo, o mérito é da enologia.
Qual é o estilo que lhe agrada mais? Escolha, prove e seja feliz.
Edmilson Palermo Soares


Enófilo, sócio proprietário da Confraria da Taverna, loja de vinhos e espumantes que traz novas experiências no mundo do vinho, estudioso e entusiasta, com conhecimento prático provando vinhos de mais de 20 países e diversas uvas desconhecidas do público em geral. Me siga nas redes sociais: no Instagram @contaverna, Facebook Confraria da Taverna e Linkedin
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