Por que as roupas G e GG são quase sempre feias?

medium-shot-woman-posing-outdoors

Por Ana Paula Barcellos

Depois a gente é tachada de mimizenta, mas comprar roupas G e GG bonitas e sexys ainda é um desafio. Fim de ano e só acho roupa brega ou muito básica para comprar, estou vestindo G e também gosto de me sentir bonita nas roupas que experimento, sabe?

Os tamanhos G e GG, que representam muitas brasileiras (são os tamanhos que vestem a brasileira média!), se encaixam em uma espécie de “tamanho invisível” em várias lojas e plataformas de e-commerce, incluindo aquelas que prometem uma abordagem mais abrangente e sustentável, como os brechós on-line.

Minha busca por roupas que sejam não apenas tamanho G, mas que também componham um estilo bonito e atraente, tem sido frustrante. Plataformas como Repassa e Troc, que deveriam ser aliadas nessa jornada, parecem ter em seu estoque uma quantidade desproporcional de peças feias e desinteressantes. Modelagens estranhas, estampas que não dialogam com o que há de tendência ou pelo menos tenha uma pegada contemporânea, ainda trazem uma paleta de cores que, muitas vezes, se limita ao “apagado”, e fazem com que encontrar um vestido ou uma blusa que realmente agrade seja quase impossível. É um contraste gritante quando comparado às opções disponíveis nos tamanhos menores, que são multiplicadas por marcas que parecem ignorar o que a mulher média brasileira realmente precisa e deseja.

Vestidos acima tamanhos P e PP – Fotos Repassa e Troc, reprodução

E claro, esbarro novamente no problema da falta de padronização dos tamanhos de vestuário. Uma mulher que veste G em uma marca pode experimentar um M pequeno em outra, e muitas vezes, nem isso é garantido. Essa falta de padrão gera uma verdadeira montanha-russa emocional: experimentar uma blusa que era para ser o meu tamanho e vê-la não servir, pode ser muito frustrante. A sensação de que o problema está em nós, e não em como as marcas estão construindo suas modelagens, é outro desafio.

Vestidos acima G e GG na Troc – Fotos: Troc/reprodução

Roupas G e GG vestem consumidoras que também merecem ser bem vestidas

A grande questão que fica é: por que as marcas ainda são tão excludentes? Mesmo aquelas que têm um papel significativo na moda brasileira muitas vezes se limitam a oferecer poucos modelos em tamanhos maiores. Muitas dessas marcas parecem adotar uma abordagem que valoriza mais a estética do que a inclusão real de todas as silhuetas que representam a mulher brasileira.

Essa exclusão não se limita apenas a brechós e lojas menores; é uma narrativa que se repete em grandes redes de moda. A ausência de opções em G e GG, que realmente estejam alinhadas com as tendências e o que há de melhor no universo fashion, é um reflexo da falta de empatia e compreensão por parte dessas marcas. Enquanto a maioria das mulheres luta para encontrar roupas que as façam se sentir bem, as marcas continuam fazendo vista grossa para uma parcela significativa do público consumidor.

A confecção de roupas em tamanhos G e GG não deve ser vista como uma obrigação, mas como uma oportunidade de se conectar com uma grande base de consumidoras que merece ser vista, ouvida e, acima de tudo, bem vestida. A inclusão e a diversidade são as tendências que todas nós devemos apoiar — e cobrar.

Foto principal: Imagem gerada por IA/Freepik

Ana Paula Barcellos

Viciada em botas, sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências. Tem foto da Suzy Menkes na estante e escreve essa coluna usando pijama velho, deitada no sofá enquanto toma café com chocolate. Me siga no Instagram Me siga no Instagram @experienciasdecabide @yopaulab

Leia todas as colunas Em Alta

(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Anuncie no O Londrinēnse

Mais lidos da semana

Anuncie no O Londrinēnse

Opinião

O desafio para manter a saúde mental

Tornamo-nos uma sociedade agressiva, onde a pressão é constante. As redes sociais e o mau uso do celular têm nos afastado das relações saudáveis. O desafio é fortalecer as relações reais e não apenas virtuais

Leia Mais
plugins premium WordPress