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Só o humor nos salvará

Raquel Santana (*)

Assisto estupefata no meu cantinho do confinamento, o Brasil voltar ao normal em meio à uma pandemia, como se nada estivesse acontecendo. Se pela janela do meu apartamento vejo o bar da esquina cheio de gente velha sem máscaras, se embriagando, dentro dele olho por outra janela, a eletrônica – e vejo a Covid 19 avançando a galope. E não posso deixar de me indignar.

Confesso que por um tempo virei a chata cheia de regras para cagar na cabeça das pessoas. Se fosse na quitanda da esquina ou mesmo nos pequenos passeios com os cachorros e encontrava alguém sem proteção, fazia um alerta. Mas com o passar do tempo, desisti. Vejo famílias inteiras no mercado? Fujo. Uma roda de velhinhas? Dou “bom dia “ de longe. Decidi cuidar do meu quintal. Nele não irá nascer ervas-daninhas e muito menos o mosquito da dengue. E eu nem tenho um.

Não sei vocês, mas nessa quarentena já passei por várias fases. Da depressão à euforia, da preguiça à faxina, da comilança ao arrependimento. E ainda tenho muitas outras para explorar.

No começo, acredito que a incredulidade tenha feito muita gente se arriscar nas ruas. E não consigo entender quem ainda não compreendeu o que ainda está por vir. Nem a população, muito menos os governantes. Até ontem, o Paraná contabilizava 69 mortos. É o 12 estado em números de contaminação. E como o exemplo vem de cima, fica difícil de convencer sobre o inimigo oculto. Então, me recolho a minha insignificância no aconchego do meu lar e no melhor estilo Poliana, tento levar a vida na leveza.

E para além das janelas físicas, ainda bem que tem as virtuais, aonde tenho me debruçado e me divertido. Seja pelas plataformas de streaming ou pelos canais abertos, tenho me informado e me alienado nas mesmas proporções. E assisto incrédula o desgoverno desse país no meio da catástrofe em que vivemos. E me alio aos brasileiros que têm transformado tudo isso em humor. Vivemos uma tragicomédia transmitida ao vivo e em cores, 24 horas. Assisto a tudo incrédula. Queria que meu controle remoto pudesse mudar tudo.

(*) Jornalista radicada em Curitiba mas apaixonada por Londrina

Foto: Pixabay

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