Por Telma Elorza
“Eu sou do tipo de pessoa que todo mundo procura quando precisa de alguma coisa, porque sabem que resolvo. Dou conselhos profissionais de graça e sempre tenho uma solução. Amigos e parentes buscam minha ajuda, mas na hora que poderiam contratar meus serviços, pareço que fico invisível, não lembram de mim, somem. Cansei disso, mas não sei como sair desse círculo vicioso.”
Bem vindo, querido leitor. Você é agora, oficialmente, um dos membros do clube dos que ajudam e não são ajudados, daqueles cujos trabalhos/conhecimentos os outros querem receber de graça. Sim, é um clube grande, somos muitos. Basta ter um conhecimento prático, fazer um trabalho específico ou ter alguma habilidade legal que muita gente vai tentar se aproveitar de você. Gratuitamente, claro.
Cansei de ouvir pedidos para fazer textos, matérias, escrever currículos criativos e, uma vez, até um livro completo totalmente de graça. E se eu falava em dinheiro, a resposta sempre era “Nossa, mas você tem coragem de cobrar de mim? Você faz isso rapidinho, em cinco minutos”.
Ou seja, a falta de noção não está só em seus amigos e parentes, querido leitor. É algo generalizado, acho que todo profissional que trabalha por conta própria passa por isso, em algum momento da vida.
A questão é: por que você ainda está dando seu trabalho de graça? Para já com isso.
Não importa se é amigo do peito, irmão, camarada ou família. Comece a cobrar por seus serviços. Afinal, ninguém vem pagar suas contas, não é mesmo?
Se o procuram porque sabem que você “resolve”, devem (ou deveriam) saber que você investiu muito tempo, suor e dinheiro para adquirir o conhecimento que você tem hoje. E que é seu ganha-pão. Então, comece a se valorizar, rapaz.
Uma das coisas que faço hoje é ouvir quieta a solicitação da pessoa e responder: ‘Me passa seu e-mail para eu mandar meu orçamento’. “Ah, mais vai cobrar?!” E minha resposta é sempre a mesma: ‘Vou. É meu trabalho. Eu vivo dele. É com ele que pago minhas contas. Então, se quiser, mando o orçamento pelo e-mail’. A pessoa some ou nunca mais me pede nada de graça.
Comece a cobrar seus serviços
Você tem parar de fazer favores e começar a cobrar. Ficar fazendo as coisas de graça para ajudar fulano ou beltrano desvaloriza seu trabalho. Eles não vão dar valor em algo que é só pedir que consegue. Não deve valer nada. Deve ter adquirido o conhecimento assim, por osmose. Ou, quem sabe, leu em figurinhas de chiclete.
Também não adianta pensar “ah, vou fazer dessa vez só de graça para que, na próxima, ele me traga mais trabalhos pagantes”. Esquece. Essa tática nunca dá certo. Na próxima, o cara vai trazer mais trabalhos de graça e quando você quiser cobrar, ele vai procurar outro trouxa que aceite fazer de graça.
É preciso saber dizer não, sem medo. Como você mesmo disse, você se torna invisível para eles, quando é a vez deles lhe ajudar. Porque vai ficar sempre agradando quem não o vê, nem às suas necessidades? Para que ser sempre o bonzinho, o rapaz que ajuda que todo mundo? Pare com isso. Seja o filho da puta, o que nega o pão ao faminto (claro, né, gente, que isso é ironia), o cara ruim, o que quis cobrar pelo seus serviços, onde já se viu uma coisa dessas. Deixe até que lhe xinguem. Mas com dinheiro no bolso.
Espero ter ajudado.
Tem dúvidas sobre relacionamentos? Mande um e-mail para telma@olondrinense.com.br
Quem é a Tia Telma
Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.
Siga O LONDRINENSE no Instagram
Arte: Mirella Fontana
Leia mais colunas do Consultório Sentimental da Tia Telma
(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.
Ho
