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Ovos de galinha: produção recorde gerou prejuízos

Grande produção derrubou preços e prejudicou produtores em 2018. Agora, mercado volta a se equilibrar, mas há preocupação sobre os próximos meses.

Filipe Muniz
Equipe O LONDRINENSE

A produção de ovos de galinha bateu o recorde de 3,6 bilhões de dúzias em 2018 no Brasil, com crescimento de 8,6%. Foi a maior desde 1987. No Paraná, não foi diferente: mais de 313 milhões de dúzias em 2018, contra pouco menos de 293 milhões em 2017.

Fonte: IBGE

O aumento na produção decorreu do crescimento na demanda, já que o brasileiro vem consumindo cada vez mais ovos. O consumo per capita, que era de aproximadamente 191 ovos nos anos de 2015 a 2017, subiu para 212 unidades em 2018, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

“Com essa demanda, houve também um aumento na produção. Na avicultura, houve incremento de mais de dois milhões de aves no Brasil”, disse o produtor e presidente da Associação Paranaense de Avicultura (APAVI), Arnaldo Cortez.

Aumento que virou excesso e derrubou o preço do produto a partir do final de 2018. Notícia boa para os consumidores, mas ruim para os produtores. Segundo Cortez, o preço da caixa de ovos, que era vendida no atacado a R$ 92, caiu para R$ 52, sendo que o custo de produção era de R$ 67.

Os dados do Departamento de Economia Rural do Paraná (DERAL) da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab) mostram que, a partir de outubro de 2018, o valor médio do ovo vendido no Estado caiu. A dúzia dos tipos extra e grande, que são os mais vendidos, foram de R$ 6,13 em setembro para R$ 4,64 no mês seguinte (tipo extra), e de R$ 4,13 para R$ 3,57 (tipo grande) no mesmo período.

Fonte: Deral

Prejuízos

Todo esse cenário gerou prejuízo para os produtores. No mercado desde 1991, a Granja São Carlos, de Cruzeiro do Sul (PR), foi uma das prejudicadas. A cidade é um dos polos da produção de ovos do Estado. O proprietário da granja, Marco Rovida, conta que o final do ano de 2018 foi “péssimo” por causa do excesso de produção e dificuldade no descarte de galinhas. “Tivemos prejuízo e foi alto”, disse.

A solução encontrada para retornar os preços aos patamares normais foi descartar as aves mais velhas, mas com a grande oferta de descarte e a interdição de alguns frigoríficos, que não puderam receber os animais, até mesmo o preço das aves que seriam enviadas para corte caiu. “Os frigoríficos, que vinham pagando um valor muito baixo por essa ave de descarte, em média R$ 0,22, chegaram ao ponto de retirar essas aves velhas a custo zero”, contou o presidente da APAVI.

Essa ação de descarte gerou resultados e o preço voltou a subir. O valor da caixa vendida no atacado está em R$ 77, com custo de produção a R$ 69, conforme Arnaldo Cortez. Os dados do DERAL também mostram esse aumento. O ovo do tipo extra custava, em média, R$ 5,23 em fevereiro. Já o do tipo grande sai a R$ 4,54.

Expectativa

Apesar de a produção e as vendas começarem a se equilibrar, há uma preocupação no setor de que haja um grande volume de produção em 2019, com a consequente queda nos preços. Um indicativo de que isso pode ocorrer é o grande número de aves inseridas nesse mercado, e que começam a produzir ovos a partir de abril.

“A gente ainda tem um pouco de receio por causa do aumento do alojamento em 2018. Então até quando essas aves estiverem botando, a produção vai ser alta e a demanda por ovos não vai ser suficiente”, analisa Marco Rovida.

Arnaldo Cortez avalia que o número ideal para o Brasil é de uma entrada de pintainhas na casa de 8 milhões por mês. “Tudo o que entrar a partir disso passa a ser um excesso e a gente têm, então, uma grande oferta de mercadoria e, consequentemente, uma queda nos preços”, disse.

Caso a produção volte a crescer, a ideia é estimular o consumo. Em 2018, os produtores já investiram em campanhas, inclusive junto a médicos e nutricionistas. “A gente trabalha incessantemente para que haja um aumento de consumo. Também tentamos buscar alguma coisa a nível de exportação, que hoje não representa nem 3% do que é produzido no Estado”, informou Cortez.

Foto: VisualHunt

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