Por Ana Paula Barcellos
São 10h da manhã, os termômetros marcam 10 graus, o vento e a sombra estão gelados! Mas se você tenta se aquecer ao sol, se queima. Enquanto espero o carro chegar fico pensando na aparente contradição entre o frio e o calor nesse momento (é como se estivessemos no inverno com o sol do verão) – e escolho sentir um pouco de frio, me parece menos pior que arder no sol.
Incêndios em alta
Eu posso escolher queimar ou não, mas as matas e tudo que é mato queimam como se não houvesse amanhã (e provavelmente nao haverá). Leio que o Paraná enfrenta uma situação alarmante. Os incêndios em vegetação atingiram números recordes em 2024. Até o último dia 22, foram registrados 9.344 focos de fogo no estado, um aumento de 132% em relação ao mesmo período do ano anterior. A influência do fenômeno climático La Niña, com temperaturas acima da média e estiagens prolongadas, cria condições propícias para essas ocorrências. O solo seco e a vegetação inflamável são combustíveis para as chamas. As pessoas aproveitam e acendem o fósforo – ou jogam gasolina mesmo!
Sim, além dos incêndios circunstanciais, além do fogo criminoso arquitetado e orquestrado em vários estados, ainda temos as pessoas que fazem queimadas. Nesse fim de semana, o céu ficou sujo com cinza e fumaça de fora, mas geralmente o fogo é dos próprios moradores: os bairros mais antigos são os que mais sofrem com as queimadas por aqui, tanto de mato quanto de lixo, e a fiscalização da Prefeitura parece que olha pro outro lado…
Pleno 2024, não existe justificativa pra fazer queimadas! Os incêndios não afetam apenas a flora e a fauna. O solo perde nutrientes, a fumaça polui o ar que respiramos, agravando problemas respiratórios e prejudicando a saúde da população – além de piorar outras questões estruturais do município.
E não se trata mais de prevenção, nessa altura do campeonato é sobre contenção de crise. É urgente adotar políticas públicas eficazes. Investir em prevenção, mas principalmente em monitoramento e combate aos incêndios.

E, de alguma forma, é preciso conscientizar a população. Educação ambiental nas escolas e campanhas de sensibilização, tudo isso é importante, mas principalmente buscar a reflexão de que é preciso resgatar nosso senso comunitário, o próprio viver em comunidade: vivemos e cuidamos do ambiente por nós, pelos nossos e pelos outros também. Cuidamos da nossa saúde e nós preocupamos com a saúde de nossos vizinhos, etc., etc., etc.
O sol quente arde e nos lembra todos os dias que a natureza é implacável. Cabe a todos nós agir com responsabilidade para que exista, antes de um futuro melhor, o futuro.
Foto principal: Depositphotos

Ana Paula Barcellos
É graduada em História pela UEL, Mestre em Estudos Literários, integra coletivos culturais da cidade e é agente cultural. Sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências, e escreve também a coluna de Moda deste jornal. Siga os Instagram @experienciasdecabide e yopaulab
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