Por Ana Paula Barcellos
Sim, qualquer cidadão brasileiro alfabetizado, com mais de 18 anos e em dia com a Justiça Eleitoral pode se candidatar ao cargo de vereador. No entanto, a simplicidade dos requisitos legais não deve ser confundida com a simplicidade das responsabilidades e desafios que o cargo impõe. Ser vereador é muito mais do que apenas ocupar uma cadeira na Câmara Municipal; é representar os interesses da população, legislar e fiscalizar o Executivo municipal.
Primeiramente, é essencial que o candidato tenha experiência com projetos e políticas públicas. A gestão de uma cidade envolve uma série de questões complexas que demandam conhecimento técnico e prático. Projetos de infraestrutura, políticas de saúde, educação e segurança pública são apenas alguns exemplos das áreas que um vereador precisa entender para tomar decisões informadas e eficazes. Sem essa experiência, o risco de tomar decisões inadequadas aumenta significativamente.
Além disso, é importantíssimo que o candidato compreenda o papel e as atribuições de um vereador. O vereador é responsável por criar, modificar e extinguir leis municipais, além de fiscalizar a atuação do prefeito e da administração pública. Isso requer um profundo entendimento das necessidades da comunidade e das melhores práticas de governança. Sem esse conhecimento, um vereador pode se tornar apenas uma figura decorativa, incapaz de promover mudanças reais.
Outro ponto fundamental é o potencial de representatividade. Um vereador deve ser capaz de representar os interesses de todos os segmentos da sociedade, não apenas de um grupo específico. Isso significa ouvir e entender as demandas de diferentes comunidades, incluindo minorias e grupos marginalizados. A representatividade é fundamental para garantir que todas as vozes sejam ouvidas e que as políticas públicas atendam às necessidades de toda a população.
Não basta ser conhecido, famoso ou influenciador. A popularidade pode ajudar a ganhar votos, mas não garante competência ou compromisso com o bem-estar público. Boa vontade é importante, mas não suficiente. É necessário ter capital social e político, ou seja, redes de relacionamento e influência que possam ser mobilizadas para o bem comum. Isso inclui parcerias com outras esferas do governo, organizações não governamentais e a própria comunidade.
Vereador competente
E para garantir que nossos vereadores e vereadoras sejam competentes e eficazes, como eleitores, precisamos ter maior consciência na hora de votar. Não se deve votar em um candidato apenas porque ele é parente, amigo ou conhecido. É essencial avaliar a trajetória de trabalho, a experiência e a capacidade de representar os interesses da comunidade. Votar em candidatos sem experiência ou sem um número significativo de votos pode resultar em uma representação fraca e ineficaz.
A candidatura e o voto são elementos fundamentais da democracia e devem ser tratados com seriedade e responsabilidade. Escolher um vereador é escolher quem vai representar os interesses da comunidade, legislar sobre questões importantes e fiscalizar a administração pública. Portanto, tanto candidatos quanto eleitores devem agir com consciência e responsabilidade, entendendo a importância e o valor desse processo.
Então sim, qualquer um pode ser vereador, mas nem todos estão preparados para exercer essa função com a competência e o compromisso que ela exige. Como diz a máxima, todos podem mas nem todos deveriam se candidatar. É preciso mais do que cumprir os requisitos legais. Que, pensando nisso, nós façamos escolhas conscientes e informadas, valorizando a importância do voto e da representação política.
Foto principal: Fernando Cremonez/CML
Ana Paula Barcellos
É graduada em História pela UEL, Mestre em Estudos Literários, integra coletivos culturais da cidade e é agente cultural. Sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências, e escreve também a coluna de Moda deste jornal. Siga os Instagram @experienciasdecabide e yopaulab
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