Por Ana Paula Barcellos
Daqui uns dias, os apitos eleitorais começam a soar depois de 4 anos silenciosos. Serão quarenta dias de vozes e propostas zumbindo como um enxame insistente. Barulho irritante? Sim. Importante? Bastante. Para muitos, vai passar despercebido como o mosquito da dengue.
Então no dia 6 de outubro, a cidade vai acordar (despertar pode ser outra coisa) com o ruído eletrônico. As ruas, já sem aquele monte de cartazes, vão estar com cheiro de memória gasta e promessa barata. Tem candidato que vai ter passado só pra deixar um “oi” e sumido no ar, igual fumaça de escapamento de moto engasgada na rotatória da 10 de Dezembro em manhã de segunda-feira.
Aqueles e aquelas que tiverem mais likes na foto da urna, no próximo 1 de janeiro ganham crachá de funcionário do povo: de um lado a gente vai ter os vereadores, pensadores das leis locais (que não vale só mandar um Copia+Cola, né?), que vão ditar o destino das praças, escolas, teatros e postos de saúde – e também vão fiscalizar os gastos públicos, ser uma espécie de segurança das verbas, tesoureiros da cidade; do outro, a prefeita ou prefeito, fazendo uso da cadeira maior, que precisa colocar o município na mesa pra equilibrar orçamentos, apagar incêndios burocráticos, conduzir a execução de serviços essenciais, projetos importantes e vencer desafios imprevistos. Vai precisar reger também a orquestra dos legisladores tesoureiros, cada um tocando uma nota diferente e nem sempre afinados.
Como escolher um nome no meio de tanto barulho?
No fundo, todo mundo sabe, sabe sim! A gente é apito que chia e chove no molhado: a decisão precisa levar em consideração muito mais do que nomes e cargos, deve considerar trajetória (não adianta votar em aventureiro paraquedista), trabalho já apresentado e confiança conquistada. É sobre quem vai conseguir transformar preocupação em ação, quem já está há tempos ouvindo as vozes dos bairros esquecidos, das crianças sem creche, dos idosos solitários, das pessoas famintas… e que luta por Cultura e Lazer, que também são fundamentais. É sobre quem realmente tem capacidade e condições – além de coragem suficiente – pra guiar a cidade rumo à evolução e ao progresso genuíno.
Pois nesse dia outubreiro, depois que a urna parar de apitar e fazer barulho, quando a noite cair, a gente vai conhecer quem garantiu lugar na chamada 2025-2028 do RH de Londrama. E nas páginas dos jornais daquela semana todinha, a crônica eleitoral vai ser escrita mais uma vez e de novo. Talvez nesses parágrafos, junto com nomes e números, tenha pelo menos um pouco de poesia de mudança. Se cada voto carrega mesmo uma dose de futuro, quando se junta com os outros na urna faz surgir a chance de construir um novo presente, um presente melhor – talvez até maior que nós mesmos.
Quem sabe, no fim (ou no meio) dessa que mais parece uma dança esquisita, nossa cidade encontre seu ritmo? – mesmo que seja o de uma marchinha de Carnaval meio desajeitada. A gente vota, a gente luta, e quem luta tem também o direito de acreditar!
Ana Paula Barcellos
É graduada em História pela UEL, Mestre em Estudos Literários, integra coletivos culturais da cidade e é agente cultural. Sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências, e escreve também a coluna de Moda deste jornal. Siga os Instagram @experienciasdecabide e yopaulab
Foto principal: Fábio Luporini
Demais fotos: Acervo pessoal
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