Por Ana Paula Barcellos
Acordo no susto, coração disparado, mente atordoada. A luz da manhã entra pela janela e me dou conta de que é um pesadelo. No sonho, o recém-empossado prefeito havia virado as costas para suas promessas de campanha e dissolvido secretarias fundamentais como a da Mulher, do Idoso e da Cultura.
A cena era surreal: rindo, em um ato canalha para quem garantiu não sacrificar os direitos garantidos e o bem-estar da comunidade, ele extinguia vozes, histórias e direitos.
Se isso se tornasse realidade, não seria apenas um golpe no presente, mas um golpe para o futuro. A Secretaria da Mulher, espaço de acolhimento e defesa, é a base da luta contra a violência de gênero na cidade. Sem ela, quantas mulheres ficariam desamparadas, vivendo à mercê da violência?
E a Secretaria do Idoso, que com dificuldade tenta garantir dignidade e direitos àqueles que tanto contribuíram para a nossa sociedade? Imagine uma cidade sem políticas que cuidam dos mais velhos, deixando-os desamparados.
E a Cultura? Sem apoio às artes, à educação e ao patrimônio, a Cultura da cidade ficaria ainda mais sucateada.
Cada uma dessas secretarias representa não apenas um conjunto de serviços, mas um compromisso ético e moral com cidadãs e cidadãos.
Mas não é pesadelo, é realidade.
E é só o começo. É o que acontece quando a gente não protege o que já conquistou. Vem mais por aí, e vem muito pior, de formas que a gente ainda nem sonha.
Foto principal: Acervo pessoal

Ana Paula Barcellos
É graduada em História pela UEL, Mestre em Estudos Literários, integra coletivos culturais da cidade e é agente cultural. Sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências, e escreve também a coluna de Moda deste jornal. Siga os Instagram @experienciasdecabide e yopaulab
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