Por Ana Paula Barcellos
Londrina, conhecida por seu céu azul e clima até há alguns anos agradável, tem enfrentado um fenômeno preocupante: mesmo com a previsão do tempo indicando céu limpo, a realidade é um céu cinza e opaco, com aquele sol alaranjado de fim de mundo. Cada vez que olho pro céu e vejo contraste entre a previsão e a realidade, vejo os dados sobre a qualidade do ar, fico me perguntando sobre o futuro ambiental da cidade e o nosso próprio.
O céu azul, uma característica marcante de Londrina, está ameaçado. A poluição do ar é um dos principais culpados. Segundo dados do Instituto de Meteorologia, a previsão do tempo para Londrina frequentemente indica céu limpo, mas a poluição atmosférica impede que o azul do céu seja visível. A presença de partículas finas das queimadas e gases poluentes na atmosfera dispersa a luz solar de maneira diferente, resultando em um céu cinza. Pode ter, inclusive, chuva preta em Londrina por causa da mistura da fuligem das queimadas com as nuvens.
E a qualidade do ar em Londrina tem se deteriorado devido a vários fatores. A baixa umidade do ar se aliou ao tráfego intenso agravando a situação causada pela fumaça resultado de incêndios e queimadas. Em dias secos, a concentração de poluentes aumenta, tornando o ar ainda mais insalubre. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a concentração de PM2,5 não ultrapasse 10 µg/m³, mas em Londrina, esses níveis frequentemente excedem esse limite, chegando a 33 µg/m³ em alguns dias.
A exposição prolongada a esses poluentes pode causar sérios problemas de saúde. Estudos mostram que a inalação de partículas finas pode levar a doenças respiratórias, cardiovasculares e até câncer. Crianças, idosos e pessoas com condições pré-existentes são os mais vulneráveis. A qualidade do ar em Londrina já foi classificada como “insalubre” em vários desses últimos dias, o que significa que toda a população pode começar a sentir os efeitos na saúde.
O futuro do céu de Londrina
Se as causas da poluição não forem abordadas de fato, Londrina pode enfrentar um futuro sombrio. A perda do céu azul é apenas um sintoma de um problema maior. A poluição do ar não só afeta a saúde dos moradores, mas também pode ter impactos econômicos, como a redução do turismo e o aumento dos custos de saúde pública.
Para reverter essa situação, é crucial implementar políticas públicas eficazes. A modernização da frota de veículos, com a introdução de ônibus elétricos, pode reduzir significativamente a emissão de poluentes. Além disso, incentivar o uso de transporte público e bicicletas pode diminuir o tráfego de veículos particulares.
A arborização urbana também é uma medida importante. Árvores ajudam a filtrar o ar, removendo poluentes e melhorando a qualidade do ar – mas é claro, não vale derrubar árvores centenárias pra plantar outras nanicas! Por fim, mas não menos importante, programas de educação ambiental podem conscientizar a população sobre a importância de práticas sustentáveis . Além, é claro, de punição severa para quem se recusa a seguir a lei, se recusa ser educado. Não me conformo com a falta de fiscalização da Prefeitura que parece mais preocupada, nesse momento, com garantir a continuidade de sua cadeira. Não dá!
E isso é muito sério, não se trata de mi-mi-mi. O céu cinza de Londrina é sim um alerta! A qualidade do ar que respiramos está diretamente ligada à nossa saúde e bem-estar. É essencial que medidas sejam tomadas para garantir que Londrina não perca seu característico céu azul e que seus moradores possam respirar um ar limpo e saudável. A ação coletiva e a implementação de políticas públicas são fundamentais para reverter essa tendência e assegurar um futuro melhor para a cidade. E de novo, pra garantir que haja humanos no futuro do planeta!
Foto principal: Imagem gerada por IA
Ana Paula Barcellos
É graduada em História pela UEL, Mestre em Estudos Literários, integra coletivos culturais da cidade e é agente cultural. Sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências, e escreve também a coluna de Moda deste jornal. Siga os Instagram @experienciasdecabide e yopaulab
(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.