Por Ana Paula Barcellos
O céu de Londrina é o céu mais lindo do Brasil – eis uma cafonice incontestável. A frase, o próprio sumo do clichê, é verdadeira. Londrina, mesmo nos dias nublados, tem o céu mais lindo que eu já vi – já vi alguns e muito lindos. Ganha até do céu de Alpa Corral, vilarejo de Córdoba, na Argentina, onde corre um rio de águas clarinhas, clarinhas, e tem um céu que, quando anoitece, traz as estrelas quase no chão. Esse é difícil de bater, mas o de Londrina bate também.
Nosso anil tem uma mística própria, eu digo que é quase outra energia de céu. E quando, num dia de calor, você avança pela avenida J.K., por exemplo, ao anoitecer, lá pelas 18h15/18h20, o pôr do sol ganha aquelas faixas alaranjadas e rosadas que são um espetáculo? Não é o único crepúsculo com essas cores, claro, mas ainda ganha.
Quando o clima está mais frio, coisa já mais rara aqui nessas terras, esses mesmos tons são muito mais brandos e a noite vem puxando mais um azul. Azul escuro, super intenso, que avança num tom de azul da Prússia e vira quase um marinho com pinceladas de um roxo universo quase imperceptível, de tão profundo.
Céu de outros lugares
Já vi também muitas imagens, claro, de outros céus mundo afora. Sabendo que sou assim, uma apreciadora de céu e de azuis, muitos amigos me encaminham imagens durante suas viagens: outros céus do Brasil, céu de Portugal, céu da Califórnia, céu de Nova York, céu de Paris, céu de Sidney… todos lindos, cada céu! Amo o céu da Amazônia, esse é um que quero ver ao vivo… Mas o de Londrina ainda bate!
Curiosos e desconfiados dirão que é assim porque amo Londrina. Amo, admito, mas nem é. Até porque amo, mas já deixei esse céu pra trás um par de vezes, voltei pra ele arrastada pelas circunstâncias. Amor de céu não garante vida.
Pra quem quiser conferir, para além do céu de fim de tarde, recomendo o exercício: num dia nublado, nublado claro que não chove, aquele nosso que fica com três tons diferentes de cinza, pegue um ônibus, um 99, seu carro, sua bicicleta, e vá para o Limoeiro, não precisa ir longe – se avançar pouco mais que o Tiro de Guerra já chega. Pare em frente aos pinheiros, a um pé de eucalipto, qualquer árvore de verde mais intenso. Olhe pra cima. E então me mande mensagem…
Ana Paula Barcellos
É graduada em História pela UEL, Mestre em Estudos Literários, integra coletivos culturais da cidade e é agente cultural. Sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências, e escreve também a coluna de Moda deste jornal. Siga os Instagram @experienciasdecabide e yopaulab
Foto principal: Fábio Luporini
Demais fotos: Acervo pessoal
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