Por Chantal Manoncourt
Embalada pelas águas do Mediterrâneo, famosa por seu belo passeio ao longo da praia, Nice continua sendo a pérola da Côte d’Azur.
Imutável e serena, Nice exibe insolentemente um ar de eterna primavera. “Você é uma Paris com o céu italiano, o sol dourado e um mar límpido”, escreveu Frédéric Mistral, escritor local. Repleta de palmeiras, a lendária Promenade des Anglais (o Passeio dos Inglês), que percorre 7 km ao longo do mar, ganhou uma boa reputação desde que os ingleses, fugindo da neblina e do frio do inverno, vieram se refugiar lá. A bela cidade oferece muitas outras riquezas insuspeitadas, mas é preciso dar as costas ao mar para descobri-las.
O Boulevard Tsarevich ergue-se um dos edifícios mais inusitados da cidade: uma catedral ortodoxa, cujas cúpulas verdes e douradas, lembram o estilo das igrejas de Moscou. É para a importante colônia russa que fica na costa, que foi construída entre 1903 e 1912, a igreja de Saint-Nicolas, uma réplica do Saint-Basile do Kremlin, onde ainda são celebrados serviços. Quanto ao Château de Valrose, atual sede da Universidade de Nice, abriga, no coração do parque, uma estranha fibra de madeira da Sibéria, transportada de barco de Odessa.
O exotismo deve ser conquistado, é nas colinas que se deve procurar os vestígios suaves da Belle Époque (1871-1914), essas fantasias arquitetônicas, sonhos de pedra e extravagância adornados com estuque, afrescos, arabescos e cerâmicas. Assim, no distrito de Cimiez, o antigo hotel Alhambra, com a sua aparência mourisca e os seus minaretes destinados às belas odaliscas de passagem, recebe hoje hóspedes permanentes, como o esplêndido Excelsior-Regina, navio imaculado que recebeu a Rainha Vitória convertido em apartamentos.
Não muito longe, dentro do parque das arenas de Cimiez, encontramos as memórias do famoso pintor em uma soberba villa genovesa do XVII° que abriga o Museu Matisse. “Quando entendi que todas as manhãs verei essa luz novamente, não pude acreditar na minha felicidade e decidi não sair de Nice”, escreveu o famoso pintor.
Do castelo dos trovadores ao chalé suíço, passando pelos templos antigos, todos os estilos e épocas coexistem no Mont Boron. O mais extravagante continua sendo o Château de l’Anglais (Castelo do Inglês) construído em 1857, uma serpentina rosa da qual emergem torres em forma de coroa, um pastiche dos palácios de Jaîpur, um símbolo puro da excentricidade britânica visto por um coronel do exército indiano e habitado hoje por felizes donos. Longe dessas ilusões de charme, a antiga Nice oferece autênticas joias como o Palácio Lascaris, uma testemunha exuberante do barroco, que vibra no coração da cidade.
Ao longo do porto e seus suntuosos iates, admire a praça Masséna, brinque entre os jatos de água do passeio Peillon, anda pelo mercado Saleya ou finalmente aproveite a enorme praia, os objetivos dos passeios são variados. Um labirinto de vielas, sombras e venezianas destacando-se contra ocres e amarelos desbotados, protegem do sol. A ruptura acaba, sente-se a necessidade de luz e o desejo de descobrir outras belezas escondidas. Encontre rapidamente a Promenade des Anglais enquanto admira as cúpulas cor-de-rosa do hotel Negresco, um palácio mítico, um dos símbolos da cidade, e siga pela Baie des Anges. A brisa do mar refresca o ambiente e os ramos das palmeiras ondulam no ritmo. Rolar e embriagar-se com a claridade do céu que dialoga em uníssono com o Mediterrâneo.
Nice fica a 880 km de Paris
Fotos: © CRT Côte d’Azur
Chantal Manoncourt
Parisiense, arqueóloga e jornalista, apaixonada pelo Brasil, já escreveu vários livros sobre turismo brasileiro