Por Márcia Huçulak
A história que resultou no Dia Internacional da Mulher remonta ao início do século passado, com a luta das mulheres por melhores condições de trabalho. Houve vários episódios em diferentes países ao longo dos anos e, em 1975, a ONU (Organização das Nações Unidas) oficializou a data em 8 de março.
Desde então, a celebração ganhou ano a ano mais destaque, com ações que hoje se espraiam ao longo do mês inteiro. Em alguns países é feriado.
É verdade que parte das homenagens são usadas com fins puramente publicitários ou sociais, que pouco contribuem para mudar o cenário da mulher na sociedade.
Flores e bombons podem representar um gesto simpático e bem-intencionado, mas passam distante do que realmente importa.
E o que realmente importa?
Uma sociedade mais equitativa entre homens e mulheres, com menos preconceito de gênero que tanto prejudica as mulheres, acarretando em violência, sobrecarga, desigualdade salarial e de oportunidades no trabalho e uma absurda sub-representação nos espaços de poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), entre outras distorções.
Não se trata, obviamente, de advogar por uma guerra dos sexos – mulher contra homem –, mas de promover uma convivência efetivamente mais justa e preferencialmente harmônica.
Parece coisa simples; não é.
Como a própria história do Dia da Mulher demonstra, o processo é longo. Depende de nós, mulheres, acelerá-lo.
Por exemplo, as empresas que por ventura entregaram flores (ou qualquer outro mimo) às suas funcionárias na sexta-feira podem se certificar de que aplicam de fato igualdade nos salários e nas condições de promoção de carreira.
O mesmo vale para os partidos políticos e entidades da sociedade civil.
Dividir tarefas domésticas não é favor para a mulher
Maridos, companheiros ou namorados podem muito bem pensar ou repensar suas atitudes na vida cotidiana. Dividir funções da casa e com os filhos não é um “favor” para as mulheres; é uma obrigação.
Se você é daqueles que ouve todo argumento de uma mulher com ar de muxoxo, interrompe e acha qualquer reivindicação “mimimi feminino”, que tal prestar mais atenção às suas atitudes e às suas menções em relação às mulheres.
Quem sabe se muitas pessoas e corporações mudarem alguns “pequenos” (aspas obrigatórias) comportamentos e atitudes possamos ter uma evolução mais rápida no quesito equidade de gênero.
Também vale a pena conhecer exemplos da vida de mulheres que superaram as dificuldades e escalaram posições.
Nos últimos dias, circularam histórias como a de Ana Sanches, primeira mulher a assumir o cargo de CEO de uma mineradora no Brasil, a Anglo Saxon. Ou a de Makiko Ono, uma das raras CEOs no Japão, que lidera um conglomerado de bebidas.
Também podemos olhar para quem está pertinho da gente. A Assembleia Legislativa homenageou dez mulheres na semana passada, de várias áreas de atuação. Destacar essas mulheres e suas trajetórias demonstra a importância de modelos de liderança feminina no nosso estado.
Minha indicada, a médica Mariângela Galvão, é uma inspiração. Ex-servidora municipal de Curitiba, chegou ao cargo de diretora da Organização Mundial de Saúde (OMS), em Genebra, liderando ações para sistemas de saúde do mundo inteiro.
Conhecer mulheres que saíram da zona de conforto e enfrentaram o desafio da superação, ocupando espaços de poder e de decisão incentiva outras mulheres e cria referências para novas gerações.
Certamente, essas mulheres demonstraram mais do que capacidade, também tiveram muita resiliência, além de renúncias em suas vidas pessoais.
Não se pergunta a um homem como vai liderar equipes
As pessoas não perguntam a um homem que postula um alto cargo se ele tem capacidade, disponibilidade de viajar e como vai lidar com as equipes. Para uma mulher, essas questões são sempre colocadas.
Neste Dia da Mulher, aceitamos as homenagens, presentes, reconhecimento e carinho genuíno, mas que a data promova reflexões sobre como podemos criar condições de igualdade de direitos e oportunidades.
São nas atitudes de todo dia que vamos reformulando a sociedade na direção de que não haja empecilho para ascender nos cargos somente pelo fato de ser mulher.
Os homens não podem se considerar donos das nossas escolhas. E que a partir disso tenhamos menos violência contra as mulheres.
“Que nada nos defina, nada nos sujeite, que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre.”
Simone de Beauvoir
Márcia Huçulak
Como secretária de Saúde de Curitiba (2017/2022), liderou o enfrentamento da pandemia de covid-19 na capital – trabalho reconhecido nacionalmente. Formada em Enfermagem pela PUC-PR, tem mestrado em Planejamento de Saúde pela Universidade de Londres (Inglaterra) e especialização em Saúde Pública pela Fiocruz. Elegeu-se deputada estadual em 2022 pelo PSD, sendo a mulher mais bem votada do estado e a mais votada (entre homens e mulheres) de Curitiba. Encontre a Márcia Huçulak nas redes: site
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