As luzes do Natal já brilham na cidade e eu ainda tenho muito espaço em branco

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Por Ana Paula Barcellos

O calendário começou a correr de verdade, como se quisesse alcançar logo o novo ano. E agora, todas as manhãs, Oli me lembra com sua energia quase infinita que as férias estão quase chegando e precisamos de um plano — eu sempre tenho um plano. Ou costumava ter. Olho a agenda do celular, e, além dos compromissos do dia a dia, o restante é campo em branco e espaço.

Aos poucos, a cidade se enfeita para as festas de fim de ano. As luzes de Natal surgem, como pequenos vaga-lumes na entrada do prédio, me lembrando que, este ano, nem a árvore eu escolhi. Olhando para o espaço onde ela deveria estar, percebo que ele está preenchido de significados que fazem par com o silêncio da minha lista de desejos e planejamento. Estranho. Uma incerteza que parece um convite que eu, por enquanto, apenas observo.

As luzes do Natal piscam para mudar o calendário

Não comemoro o Natal; para mim, é mais um rito de preparação para a virada coletiva do ano. E, neste final de 2024, tudo que sei é que nada sei e a certeza me escapa. Esse quase medo filosófico do desconhecido traz também expectativas — o que virá depois do Natal? O que será depois que acabar as desculpas das Festas que ainda nem sei?

As luzes do Natal já brilham e fazem o calendário correr e eu ainda não tenho um plano, sem grandes projetos e metas para 2025.
Fotos: Freepik

O mais intrigante, talvez inédito, é a falta de grandes projetos e metas para 2025. Olhar para o futuro agora é encarar um belo ponto de interrogação. O que me espera?

Decido comprar um grande vaso com uma planta igualmente grande para pendurar os enfeites que ainda vamos comprar. Os outros espaços vou deixar como estão, vazios. Decido trabalhar com as reticências do tempo, permitindo que comigo ele preencha essas lacunas. Vazios também são novas possibilidades e novas possibilidades trazem descobertas. Ou não, e tudo bem também. Deixa novembro terminar…

Foto principal:

Ana Paula Barcellos

É graduada em História pela UEL, Mestre em Estudos Literários, integra coletivos culturais da cidade e é agente cultural. Sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências, e escreve também a coluna de Moda deste jornal. Siga os Instagram @experienciasdecabide e yopaulab

(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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