Por Ana Paula Barcellos
É segunda-feira. As férias escolares chegaram e, excepcionalmente, os compromissos de trabalho hoje se iniciam às 16h. Não há pressa, não há urgências nem grandes necessidades. O pastel dormido virou café da manhã e o almoço não se sabe. Cai uma chuva fina lá fora e, pela primeira vez em vários dias, está mais fresco aqui dentro.
No quarto, as gargalhadas adolescentes. Caio na risada junto, mesmo sem saber o porquê, é divertido. Me faz lembrar dessa época da vida em que as preocupações parecem distantes, as obrigações também.
O telefone não toca. O silêncio do celular é um alívio, finalmente esqueceram meu número nas listas de spam. A correria está toda lá fora, junto com o barulho das motos que rasgam a rua.
Até dormi de novo. Sono profundo, sonho bom. Quando acordei, a cafeteira avisava que era só buscar minha caneca.

Fim de pausa
Mas não existe pausa perfeita. Aqui do meu sofá ultra confortável eu ainda ouço a cidade, e quando menos espero ela me chama de volta fazendo evaporar meus devaneios. “Se arruma porque você está fora do tempo!”
Cheguei a me esquecer que o Fórum me espera – embora não precisasse. Um procedimento que poderia ser facilmente resolvido on-line se transforma em um desvio chato, mais um transtorno. Irônico pensar que, em tempos de inovação e tecnologia, ainda sou obrigada a enfrentar a burocracia presencial. Londrina, presa em suas rotinas administrativas arcaicas, não parece disposta a avançar nesse aspecto. Eu que lute, a pausa que me aguarde.
Foto principal: Janaína Ávila/Arquivo O LONDRINENSE

Ana Paula Barcellos
É graduada em História pela UEL, Mestre em Estudos Literários, integra coletivos culturais da cidade e é agente cultural. Sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências, e escreve também a coluna de Moda deste jornal. Siga os Instagram @experienciasdecabide e yopaulab
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