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Era uma vez em… Hollywood

Desde 1992, quando Quentin Tarantino lançou “Cães de Aluguel”, com seus diálogos e enquadramentos incríveis, ele se firmou na indústria cinematográfica como um cineasta autoral e inovador, passando a ser cultuado por muitos críticos e por uma legião de cinéfilos. Vinte e sete anos depois, ele estreia esta semana seu nono filme “Era uma vez em… Hollywood”, onde desenvolve uma metalinguagem afiada.

O roteiro se desenvolve na Los Angeles de 1969, em torno de três personagens principais: Rick Dalton, interpretado por Leonardo DiCaprio, que representa um ator pouco experiente de faroestes para televisão; seu melhor amigo, Cliff Booth, incorporado por Brad Pitt, dublê decadente e assistente pessoal do colega; e Sharon Tate, Margot Robbie, atriz desconhecida que namora o cineasta Roman Polanski.

Nesta tríade, Tarantino procura estabelecer um diálogo com seu público, contrastando uma idealização de Hollywood com a realidade nua e crua, usando da metalinguagem para questionamentos da visão romantizada que o cinema coloca sobre a vida. Desta maneira, temos os anti-heróis representados por um elenco de cachê astronômico, o ator patético que quer ser amado a qualquer custo, o dublê que serve de capacho e da esposa submissa e superficial.

Aqueles que esperam ver o sangue escorrer pela tela vão se decepcionar. Tarantino deixa de lado seu fetiche pela violência desmedida que encontramos em seus outros filmes, optando por uma estrutura narrativa mais clássica. A experiência que temos é de estarmos assistindo a uma introdução de duas horas de duração, a narrativa ocorre por si mesma, sem se preocupar com seus espectadores. Assistimos os “personagens interpretando os personagens”, ensaiando sozinhos, alimentando o cachorro, conversando banalmente nos bastidores, assim como a vida é, às vezes monótona.

Tarantino dá espaço para que seus atores sejam o grande destaque do longa de duas horas e quarenta minutos, deixando o filme hilário, enquanto constrói um olhar crítico sobre a indústria cinematográfica, sem se esquecer que esta indústria é feita de humanos.

Marcelo Minka

Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.

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