Por Telma Elorza
“Gosto de saber que minha mulher me trai, porém tenho receio que ela se apaixone pela pessoa e me deixe. O que devo fazer?”
O comentário chegou há algum tempo, na coluna Descobri que minha mulher me traiu e isso me deu tesão, e estava lá paradinho, só esperando uma oportunidade para ser respondido. Então, vamos lá. Chegou a hora.
Gosto de pessoas como o leitor, que tem a cabeça aberta, e está mais preocupado com o prazer da vida do que com o sentimento de posse. Ele faz parte da sociedade dos cuckolds (ou corno, em bom português), pessoas (sim, mulheres também podem ser cuckolds, só que recebem o nome de cuckquean) que sentem prazer sabendo que seus parceiros os traem, muitas vezes até participando da traição. No caso, assistindo o parceiro tendo prazer com outro ou outra.
Como eu disse na coluna mencionada, o fetiche é um dos mais comuns que existem. Muitos heterosexuais se interessam e pesquisam sobre o assunto. Porém, boa parte não realiza a fantasia por vergonha de expressar seus desejos ou por medo – como o leitor – de perder a(o) parceira(o) para outro. “Ah, vai que ela gosta mais do jeito dele transar e me larga?”. Ou “o pau dele pode ser maior e ela vai ficar me comparando depois”. Ou outras bobagens quaisquer do tipo.
O receio de perder a mulher para outro precisa ser controlado para não atrapalhar a vida do casal. Ainda mais se vocês se dão bem também fora da cama. E isso se deve porque ninguém pode garantir – mesmo em uma relação monogâmica – que não vá ser trocado por alguém diferente. Sua mulher pode nunca mais transar com outro para suprimir seu medo. Mas vai que ela conhece alguém no supermercado ou na academia e, de repente, se apaixona? Quem garante?
Por isso, vou dar três razões porque o leitor deve esquecer receio:
Ela gosta da dinâmica: Primeiro de tudo, ela deve adorar a “permissão” para fazer sexo com outros homens. Se não gostasse, não faria, por mais que amasse o leitor. O relacionamento, do jeito que está, funciona bem pra ela. O “cuckcold” pode ser algo que apimenta a relação ou faz ela se sentir mais livre e confortável para ser quem é. Se ela tem isso com você, por que iria procurar outro que, talvez, não suportasse as “traições consensuais”?
Amor não se escolhe: Ela pode simplesmente amar você, mesmo com as particularidades e fetiches. Amor é complicado, né? Nem sempre faz sentido pra quem está de fora, mas funcionando para os dois é o que importa.
Companheirismo e segurança: Além de proporcionar a diversão de estar com outros homens, você deve ser um ótimo parceiro de outras formas também: cuidando dela, sendo respeitoso, apoiando suas decisões e sempre presente. Eu, particularmente, nunca vi uma mulher de cuckcold infeliz com os cuidados do marido (sim, já conheci algumas). Pelo contrário, são mulheres satisfeitas e realizadas, que adoram seus maridos.
Por que? O cuckold nunca vai bater na mulher, nunca vai ser machista e nunca vai vê-la como uma propriedade. A prática está ligada BDSM, uma vez que o cuckold é uma derivação de uma relação de submissão e poder. Ou seja, a mulher é a dominante e ele vai querer ela sempre feliz. E isso pesa muito na balança.
No final, cada relação é única. E o que importa é se as duas pessoas envolvidas estão felizes e de acordo com os termos do relacionamento. Então, esqueça seu medo e seja feliz
Espero ter ajudado.
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Quem é Tia Telma?
Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.
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