Por Telma Elorza
“Sou muito curiosa sobre BDSM, gostaria de experimentar, mas tenho um certo receio porque não gosto muito de sentir dor. É só para masoquistas ou posso me arriscar?”
Amiga, não. BDSM não é só para quem gosta de sentir dor. O BDSM é uma experiência sensorial, onde pode ou NÃO acontecer dor como forma de prazer. Muita gente acha que só masoquistas e sádicos praticam BDSM – principalmente por todos os acessórios que criam a mítica do sadomasoquismo (como chicotes e amarras, além das roupas negras de vinil ou couro e sempre muito justas que a maioria usa na prática), mas a realidade não é bem assim. Inúmeros praticantes não chegam a ter a experiência sadomasô porque não têm prazer na dor, mas adoram o restante.
Para quem não sabe, a sigla BDSM é a junção das palavras Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão, Sadismo e Masoquismo. Ou seja, há outras categorias para praticar sem sentir nenhum tipo de dor. E mesmo no sadismo e masoquismo também há níveis de dor a serem explorados. Ou seja, nem sempre o chicote bate tão forte quanto as pessoas imaginam. Também não tem nada a ver com relacionamento abusivo e violento.
Primeiro de tudo, é preciso saber que os praticantes respeitam regras rígidas de comportamento e segurança. “Mas o que é isso, Tia Telma? Regras para o prazer”? Sim, regras. Não dá para chegar chegando, achando que vai fazer tudo o que quiser sem limites claros. Elas podem ser resumidas na sigla SSC: são, seguro e consensual.
Para ser um praticante de BDSM é preciso, antes de qualquer coisa, é preciso estar SÃO. Ou seja, ele(a) deve estar completamente no controle de suas faculdades mentais e não sob a influência de álcool, drogas ou remédios. Isso vale tanto para dominadores e submissos, que são basicamente quem procura a prática.
A SEGURANÇA se refere à várias coisas, como um ambiente limpo e higienizado, preparações pré e pós sessões (inclusive corporais) como limpeza e assepsia dos equipamentos e acessórios utilizados. Eles têm contatos com fluidos corporais e, claro, tem que passar por desinfecção. O risco de pegar Infecções Sexualmente Transmitidas (ISTs) é minimizado.
Além disso, é interessante que os praticantes passem por uma capacitação para saber manusear alguns itens como os utilizados na bondage (que requer cordas e amarrações) e uma certa experiência e destreza também. Não aconselho a começar a prática com alguém inexperiente porque o risco de dar merda é muito grande se a pessoa não sabe direito o que está fazendo (estou falando de práticas BDSM feitas como se deve, nada de coisa amadora, tipo joguinhos leves de casais com algemas e tals. Mas, mesmo nestes casos, é preciso tomar alguns cuidados). Por isso, recomendo procurar Dominatrix e Dominadores profissionais, com cursos e tals, para uma experiência plena e, principalmente, segura.
A última regra, mas não menos importante, é ser CONSENSUAL. Ou seja: as partes devem estar entrando na prática porque querem e estão plenamente de acordo com isso. Inclusive, é preciso conversar antes e estabelecer limites (até onde cada um está disposto a ir e o que vai acontecer na sessão), definir a PALAVRA DE SEGURANÇA (uma senha com uma palavra que não pode ter a ver com o momento como, por exemplo ABACAXI) que vai garantir que o companheiro pare o que estiver fazendo se a outra atingiu seu limite. O limite pode ser muito alto (mas não a ponto de machucar de verdade) ou muito baixo (onde o chicote serve mais para fazer carinho que trazer dor). Tudo depende de cada pessoa e do que foi acordado entre dominante e dominado.
Mas o mais supreendente vem agora.
BDSM não tem a ver com sexo
Sim, você leu direito. A prática tem a ver com um estilo de vida, onde os elementos principais são dominação e submissão e no prazer (que pode ou não ser sexual) que isso dá para as pessoas. Quando envolve sexo – ou seja, aquilo que você faz com o namorado ou marido ou ficante – é fetiche sexual, não a prática do BDSM. Ou seja, aquilo que você viu no filme “50 Tons de Cinza” não mostra exatamente a realidade do BDSM. Não que um dominante e um submisso não possam namorar, casar, ter filhos, etc, um com o outro. Mas, como eu disse lá em cima, é mais uma experiência sensorial, onde o corpo e a mente são levados à limites e daí que está o prazer.
Enfim, espero ter ajudado.
Tem dúvidas sobre sexo? Mande sua pergunta para telma@olondrinense.com.br
Quem é Tia Telma?
Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.
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