BDSM é só para quem gosta de sentir dor?

TIATELMA (2)

Por Telma Elorza

“Sou muito curiosa sobre BDSM, gostaria de experimentar, mas tenho um certo receio porque não gosto muito de sentir dor. É só para masoquistas ou posso me arriscar?”

Amiga, não. BDSM não é só para quem gosta de sentir dor. O BDSM é uma experiência sensorial, onde pode ou NÃO acontecer dor como forma de prazer. Muita gente acha que só masoquistas e sádicos praticam BDSM – principalmente por todos os acessórios que criam a mítica do sadomasoquismo (como chicotes e amarras, além das roupas negras de vinil ou couro e sempre muito justas que a maioria usa na prática), mas a realidade não é bem assim. Inúmeros praticantes não chegam a ter a experiência sadomasô porque não têm prazer na dor, mas adoram o restante.

Para quem não sabe, a sigla BDSM é a junção das palavras Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão, Sadismo e Masoquismo. Ou seja, há outras categorias para praticar sem sentir nenhum tipo de dor. E mesmo no sadismo e masoquismo também há níveis de dor a serem explorados. Ou seja, nem sempre o chicote bate tão forte quanto as pessoas imaginam. Também não tem nada a ver com relacionamento abusivo e violento.

Primeiro de tudo, é preciso saber que os praticantes respeitam regras rígidas de comportamento e segurança. “Mas o que é isso, Tia Telma? Regras para o prazer”? Sim, regras. Não dá para chegar chegando, achando que vai fazer tudo o que quiser sem limites claros. Elas podem ser resumidas na sigla SSC: são, seguro e consensual.

Para ser um praticante de BDSM é preciso, antes de qualquer coisa, é preciso estar SÃO. Ou seja, ele(a) deve estar completamente no controle de suas faculdades mentais e não sob a influência de álcool, drogas ou remédios. Isso vale tanto para dominadores e submissos, que são basicamente quem procura a prática.

A SEGURANÇA se refere à várias coisas, como um ambiente limpo e higienizado, preparações pré e pós sessões (inclusive corporais) como limpeza e assepsia dos equipamentos e acessórios utilizados. Eles têm contatos com fluidos corporais e, claro, tem que passar por desinfecção. O risco de pegar Infecções Sexualmente Transmitidas (ISTs) é minimizado.

Além disso, é interessante que os praticantes passem por uma capacitação para saber manusear alguns itens como os utilizados na bondage (que requer cordas e amarrações) e uma certa experiência e destreza também. Não aconselho a começar a prática com alguém inexperiente porque o risco de dar merda é muito grande se a pessoa não sabe direito o que está fazendo (estou falando de práticas BDSM feitas como se deve, nada de coisa amadora, tipo joguinhos leves de casais com algemas e tals. Mas, mesmo nestes casos, é preciso tomar alguns cuidados). Por isso, recomendo procurar Dominatrix e Dominadores profissionais, com cursos e tals, para uma experiência plena e, principalmente, segura.

A última regra, mas não menos importante, é ser CONSENSUAL. Ou seja: as partes devem estar entrando na prática porque querem e estão plenamente de acordo com isso. Inclusive, é preciso conversar antes e estabelecer limites (até onde cada um está disposto a ir e o que vai acontecer na sessão), definir a PALAVRA DE SEGURANÇA (uma senha com uma palavra que não pode ter a ver com o momento como, por exemplo ABACAXI) que vai garantir que o companheiro pare o que estiver fazendo se a outra atingiu seu limite. O limite pode ser muito alto (mas não a ponto de machucar de verdade) ou muito baixo (onde o chicote serve mais para fazer carinho que trazer dor). Tudo depende de cada pessoa e do que foi acordado entre dominante e dominado.

Mas o mais supreendente vem agora.

BDSM não tem a ver com sexo

Sim, você leu direito. A prática tem a ver com um estilo de vida, onde os elementos principais são dominação e submissão e no prazer (que pode ou não ser sexual) que isso dá para as pessoas. Quando envolve sexo – ou seja, aquilo que você faz com o namorado ou marido ou ficante – é fetiche sexual, não a prática do BDSM. Ou seja, aquilo que você viu no filme “50 Tons de Cinza” não mostra exatamente a realidade do BDSM. Não que um dominante e um submisso não possam namorar, casar, ter filhos, etc, um com o outro. Mas, como eu disse lá em cima, é mais uma experiência sensorial, onde o corpo e a mente são levados à limites e daí que está o prazer.

Enfim, espero ter ajudado.

Tem dúvidas sobre sexo? Mande sua pergunta para telma@olondrinense.com.br

Nem todo praticante de BDSM  gosta de sadomasoquismo e dor, embora todo mundo acredite que sim. Mas o BDSM tem mais a ver com experiência sensorial do que com dor
Tia Telma versão Inteligência Artificial

Quem é Tia Telma?

Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.

Leia mais colunas Tia Telma Responde

Siga O LONDRINENSE no Instagram e Facebook

(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

Compartilhe:

Anuncie no O Londrinēnse

Mais lidos da semana

Anuncie no O Londrinēnse

plugins premium WordPress