Por Marcelo Minka
Divertida Mente 2, a tão aguardada sequência da obra-prima da Pixar, foi lançado semana passada, mas o texto vem nessa. O filme nos leva de volta ao interior da mente de Riley, agora uma adolescente em meio às turbulências da puberdade. Mais do que uma simples animação, a trama se configura como uma profunda exploração das nuances psicológicas dessa fase tão complexa da vida, tecendo uma narrativa comovente e reflexiva sobre a importância de todas as emoções, inclusive as negativas.
Ao acompanharmos Riley lidando com as mudanças físicas, sociais e emocionais da adolescência, somos confrontados com a personificação de novas emoções: a “Puberdade”, uma figura caótica e imprevisível que bagunça a “Sala de Controle”, e a “Tristeza”, agora amadurecida e com um papel fundamental na jornada da protagonista.
A Pixar, com maestria, explora a dualidade das emoções, nos mostrando que a tristeza não é apenas um sentimento negativo, mas sim uma força transformadora que nos permite compreender melhor a nós mesmos e ao mundo ao nosso redor. Através da relação entre Riley e Tristeza, o filme nos convida a abraçar todas as nossas emoções, sem julgamentos, reconhecendo seu valor e aprendendo a lidar com elas de forma saudável. Algo que a maioria de nós, seres humaninhos, precisa urgentemente.
Um dos pontos altos do filme é a forma como ele aborda a desconstrução da memória. Através da “Ilha da Memória”, vemos como as lembranças se transformam e se perdem com o tempo, demonstrando a fluidez da nossa mente e a importância de valorizarmos cada momento vivido.
Jornada emocional
Divertida Mente 2 não se limita a entreter, mas também nos convida a uma profunda reflexão sobre a nossa própria jornada emocional. O filme nos ensina que a adolescência, com todas as suas turbulências, é uma fase de aprendizado e crescimento, onde amadurecemos e aprendemos a lidar com a complexa gama de sentimentos que nos habitam. E não só a adolescência, mas cada etapa de nossas vidas em suas várias fases.
Com uma animação impecável, personagens cativantes e uma trilha sonora emocionante, Divertida Mente 2 se consagra como uma obra de arte que toca o coração e a mente, deixando um legado de aprendizado e reflexão para pessoas de todas as idades.
Sessão fofoca:
A Pixar chegou a considerar outras emoções para representar a adolescência de Riley, como “Culpa” e “Ciúme”, mas acho que ia ser muita bagunça e angústia em um único filme.
Para dar vida às novas emoções, a equipe da Pixar se inspirou em diversas fontes, desde pesquisas bibliográficas em psicologia até as experiências pessoais com a adolescência da filha do diretor. Essa dedicação transparece na tela, criando personagens autênticos e com os quais podemos nos identificar.
Algumas teorias dos fãs apontam para a possibilidade de que o filme explore a sexualidade de Riley. Será que teremos a primeira personagem LGBTQIA+ da Pixar? Só o tempo dirá!
Fotos: Divulgação/Pixar/Disney
Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas. Me siga no Instagram: @marcelo_minka e @m_minka_jewelry
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