Alessandra Diehl organizou artigos de especialistas para falar com profissionais de saúde, principalmente sobre transexuais para quem os serviços de saúde são inadequados
O LONDRINE̅NSE com assessoria
A psiquiatra Londrinense Alessandra Diehl lança, nesta quarta-feira (27), às 19 horas, na Livraria da Vila do Shopping Aurora, o livro Casos Clínicos LGBTQIAPN+. Diretrizes para o cuidado em saúde mental e sexual, organizado por ela e editado pela Editora Artmed.
A médica é educadora sexual, escritora, especialista em Dependência Química e Sexualidade Humana, membro do conselho administrativo da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras Drogas (Abead), mestre e doutora em Psiquiatria. Ela destaque os estudos e a prática clínica mostram que pessoas LGBTQIAPN+ enfrentam piores condições de vida, saúde mental e taxas de violência do que os seus pares cisgêneros heterossexuais. E o livro surgiu para tentar minimizar o preconceito que sofrem dentro dos sistemas de saúde.
LGBTQIAPN+ e a saúde mental
“A população LGBTQIAPN+ têm altas taxas de depressão, ansiedade, risco de suicídio aumentando, problemas com o consumo de substâncias, entre outros transtornos mentais. Essa população partilha experiências semelhantes de estigmatização, marginalização, abuso sexual, infecção pelo HIV, violação dos direitos civis e assédio no acesso aos serviços de saúde. Em especial para a população transexual, os serviços públicos do Brasil, da Índia e do México, por exemplo, ainda são muito escassos e inadequados para a forte procura de potenciais utilizadores”, afirma.
Segundo ela, embora o Brasil tenha utilizado legislação para promover a prestação de serviços de saúde abrangentes para o terceiro gênero, ainda existe uma forte resistência à implementação de tais leis e políticas. “O Brasil, enfrenta um enorme desafio para se tornar um país onde todos os direitos humanos sejam respeitados visto ainda ocupar o pódio de país mais homolesbotransfóbico do mundo”, aponta.
De acordo com ela, as microviolências que emergem não são apenas de riscos físicos e emocionais, mas também da marginalização social que esses indivíduos enfrentam diariamente. “Podemos entender microviolências como certas expressões e comportamentos cotidianos, fortemente enraizadas em algumas culturas, ainda que sejam proferidas como elogios, acabam contendo sinais de críticas ou pré-julgamentos. São falas ou olhares que vão, de alguma forma, passar pelos preconceitos existentes na sociedade. E entre profissionais de saúde isso também acontece. E acabam por ferir, machucar, causar dor psicológica para quem as vivencia.
Sem medo de falar de gênero
Diehl ressalta que o livro destina-se a profissionais da saúde e educadores que precisam parar de ter medo de falar de gênero e orientação sexual. Ela cita a filósofa Judith Butler, que quando diz que “gênero não é algo que alguém é, é algo que alguém faz, um ato… um fazer e não um ser”. “O gênero é performático. Em outras palavras, fazemos gênero o tempo inteiro, somos ‘fazedores de gênero’, ou seja, aprendemos a nos comportar de maneiras específicas para ‘“’encaixarmo-nos’ nas sociedades e culturas em que vivemos. Portanto, para Butler a ideia de gênero é um ato ou performance. Esse ato é a maneira como uma pessoa anda, fala, se veste e se comporta. E nós precisamos urgentemente acolher de forma afirmativa a toda esta diversidade sexual que é, na verdade, uma das maiores belezas da humanidade”, explica Alessandra Diehl.
Assista a entrevista no O LONDRINE̅NSE POD
Serviço:
Lançamento do livro Casos Clínicos LGBTQIAPN+. Diretrizes para o cuidado em saúde mental e sexual
Dia: Quarta-feira (27)
Local: Livraria da Vila – Aurora Shopping
Preço: R$75,00