Feriado do Dia da Consciência Negra: um reconhecimento mínimo e tardio, mas essencial

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Telma Elorza

O LONDRINE̅NSE

O dia 20 de novembro de 2024 entrará para a história como o primeiro Dia da Consciência Negra celebrado oficialmente como feriado nacional. Essa conquista não é apenas um novo marco no calendário; é um passo significativo no reconhecimento da luta contra o racismo estrutural e na valorização das contribuições culturais, sociais e econômicas dos negros no Brasil.

A data homenageia Zumbi dos Palmares, um símbolo da resistência à escravidão e líder do Quilombo dos Palmares. Mas, diferente do 13 de maio, quando se celebra a abolição formal da escravatura, o Dia da Consciência Negra exalta a luta ativa e a resistência da população negra na busca por liberdade e direitos, ainda hoje ignorados.

A criação do feriado nacional é tardia, considerando que a data é celebrada há décadas. Em Londrina, desde 2009 foi instituido feriado municipal, mas em 2013, o fato de cair em dia útil (como hoje) chamou a atenção dos sindicatos patronais, que conseguiram derrubar o feriado na Justiça, alegando prejuízos financeiros. Agora, com a instituição de um feriado NACIONAL, no ano passado, houve uma reparação mínima. E os sindicatos patronais podem espernear à vontade.

Um feriado pela luta negra

O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão. Um feriado lembrando a luta da população negra é um avanço, mesmo que pequeno. O reconhecimento institucional reforça a urgência de debater e combater o racismo, que persiste nas mais diversas esferas da sociedade brasileira.

O feriado também é uma oportunidade para repensar as desigualdades que ainda atingem a população negra. Dados recentes mostram que, apesar de representarem mais da metade da população, pessoas negras ocupam uma minoria nos espaços de poder, recebem salários mais baixos e são as maiores vítimas de violência. Uma maioria que ainda trabalha na escala 6×1.

Um feriado nacional para comemorar a luta da população nega contra o racismo estrutural veio tarde e é um avanço pequeno, mas, mesmo assim, necessário.
Fotos: Freepik

Os críticos argumentam que um feriado não resolve problemas estruturais. Eles têm razão. No entanto, minimizar a importância simbólica da data é ignorar seu potencial transformador. A memória e o reconhecimento são pilares para construir um futuro mais igualitário. O feriado deve servir como um ponto de partida para diálogos profundos e ações concretas que promovam equidade racial.

Um feriado para combater o racismo

Educação é uma peça-chave nesse processo. Usar o Dia da Consciência Negra como uma plataforma para levar temas como história afro-brasileira e cultura negra para escolas, empresas e espaços públicos é uma forma de ampliar a consciência coletiva e combater estigmas.

O Dia da Consciência Negra não é apenas sobre o passado, mas também sobre o presente e o futuro. É um momento de celebração das conquistas, como o protagonismo de artistas, intelectuais e líderes negros que transformam a sociedade diariamente. Ao mesmo tempo, é uma lembrança de que há um longo caminho pela frente.

Que o primeiro feriado nacional do Dia da Consciência Negra seja o início de uma nova era. Uma era onde a igualdade racial seja mais que uma meta distante, mas uma realidade alcançável. Afinal, reconhecer o valor da população negra é reconhecer a verdadeira essência do Brasil: diversa, plural e rica em cultura e história.

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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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