O inimigo do meu lado: o Aedes aegypti e a ameaça iminente da dengue

terreno focos dengue

Por Suzi Bonfim

Refém do Aedes aegypti dentro de casa. É assim que eu me sinto desde que tive dengue no final do ano e comecei 2024 fazendo parte de uma estatística com números que só aumentam a cada dia, em todo o país.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, nesta terça-feira (30), o Brasil registrou mais que triplo de casos comparado com o mesmo período do ano passado. Nas quatro primeiras semanas de 2024 foram mais de 217 mil casos de dengue. Uma triste realidade coloca o Paraná entre os estados com maior número de casos no território nacional e Londrina está à frente no ranking municipal.

LEIA TAMBÉM

Ao contrário da Covid, onde, de maneira geral, o isolamento dentro de casa e o uso de máscaras e álcool gel são formas eficazes de proteção, a dengue é uma ameaça em todo e qualquer lugar. Sim, porque os criadouros do Aedes aegypti estão do nosso lado, se não no nosso quintal, no do vizinho e em algum lugar na rua bem perto de você. 

Focos do mosquito da dengue por todos os lados da cidade

Este cenário não é nenhum exagero. Nas ruas, a coleta irregular de lixo reciclável viabiliza condições propícias para a reprodução do vírus que provoca não só a dengue, como também a Chikungunya e Zika: água parada. A chuva seguida do calor abafado completam o oásis para o mosquitinho rajado de branco e traiçoeiro. 

Eliminar os focos do mosquito é uma “guerra” meio insana. É como ficar correndo em círculos e não chegar a lugar nenhum. Verifico todos os dias, no meu quintal, se há algum lugar onde possa haver água parada, mas o que fazer diante do terreno abarrotado de material de construção, entulhos e engradados de bebida nos fundos da minha casa?

Focos do mosquito Aedes aegypti se alastram pela cidade de Londrina. No país, o números de caso de dengue triplicou em relação ao mesmo período de 2023. População não faz a sua parte

Fiz a denúncia no site da Prefeitura de Londrina, uma vizinha também fez. Sinceramente, não acredito em um retorno em tempo hábil. O mosquito se reproduz mais rápido que a eficiência da gestão municipal. O poder público não tem estrutura de fiscalização para dar conta de uma cidade com cerca de 600 mil habitantes e uma infinidade de problemas. 

Os postos de saúde estão abarrotados de pessoas com dengue e a expectativa não é nada animadora. Tem gente morrendo e, mesmo assim, a população não faz a sua parte. Ao contrário, age como se não tivesse participação no caos que estamos assistindo. 

Enquanto a Vigilância Sanitária não aparece (já faz uma semana), sigo com receio do inimigo bem do meu lado, usando repelente dentro de casa, principalmente no início da manhã e no final da tarde, mantendo as portas e janelas com telas de proteção. Nem o fumacê que voltou à cena com força total, borrifando veneno para acabar com o mosquito, tem passado na região que moro.

Rezando para que a vacina pelo SUS seja liberada em breve para toda a população (por enquanto, só os jovens entre 10 e 14 anos têm acesso ao imunizante). É só o que nos resta de esperança. 

Suzi Bonfim

Jornalista, formada na UEL, por quase 30 anos morou em Cuiabá -MT. De volta a Londrina-PR, vive a fase R de reencontros e renovação, respirando novos ares. Escreve sobre o que acredita por um mundo melhor. Instagram @suzi.bonfim

Leia mais colunas Na minha opinião…

(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

Compartilhe:

Anuncie no O Londrinēnse

Mais lidos da semana

Anuncie no O Londrinēnse

plugins premium WordPress