Por Marcelo Fabrão
Para um político, é melhor ser visto ou ser lembrado? A resposta para essa pergunta vai depender do contexto e do objetivo de cada política, pois envolve dois aspectos importantes para o sucesso de uma marca: a visibilidade e a lembrança. E é sobre essa sutil diferença entre ser visto ou ser lembrado que vamos conversar por aqui.
No mundo político atual, existe uma diferença significativa entre uma marca política ser vista e ser lembrada. Ambos têm suas virtudes, mas é na lembrança que reside o verdadeiro poder de uma marca.
Ter visibilidade tem sua valia. Porém, só pensar em ser visto é como estar em uma multidão movimentada. É estar presente, mas sem garantias de que será percebido, apenas visto. É a imagem estampada em outdoors, postagens nas redes sociais, banners on-line e etc.
Veja, tudo isso contribuí para que haja presença no ambiente do eleitor, mas…
Ser lembrado é onde a “mágica” acontece. É quando a sua marca política fica gravada na mente do eleitor, não apenas como uma imagem, mas como uma experiência, uma sensação.
Nesse caso, quando a marca é lembrada, ela transcende a mera presença visual. Ela se torna parte do cotidiano da pessoa. Ela é associada às emoções, valores, gerando inclusive, um alinhamento entre os propósitos dela com a da marca.
Ser visto pode gerar reconhecimento instantâneo, mas ser lembrado cria fidelidade e conexão entre o político e o eleitor.
Existe grau de importância entre ser visto e ser lembrado?
Não!
Os dois são igualmente necessários. O problema é a falta de equalização entre ambos. Veja, trabalhar com political branding não é simples, dá trabalho e leva tempo, e a grande maioria dos políticos atualmente não pensa a longo prazo e isso é um problemão.
Se não bastasse, todos os dias no ambiente digital, por ser um terreno fértil, existe uma luta ferrenha, incansável por nossa atenção. Todos os dias, somos bombardeados por vários tipos de conteúdos que acabam caindo no esquecimento, mesmo sendo conteúdos bons de políticos relevantes.
E porque isso acontece?
Porque diferenciação e percepção não se consegue com ADS, tráfego e performance. É com branding.
Ser visto para não ser esquecido
Mesmo se a ideia for apenas ter visibilidade, o político precisa planejar bem suas ações. Sua presença física ou digital deve estar nos canais de comunicação que seu público está, onde os olhos do eleitor estão, seja nas redes sociais, publicidade on-line, mídia impressa, rádio, entre outros.
Por outro lado, não ser esquecido vai além da simples presença. Trata-se da capacidade da marca de ser lembrada, percebida, reconhecida e associada a valores, experiências e emoções específicas.
Enquanto a visibilidade coloca a marca política no radar dos eleitores, é branding que a mantém lá. Mas não existe caminho fácil ou atalhos, construir diferenciação e percepção de marca é algo cada vez mais difícil. Os políticos estão “commoditizados”, como já disse por aqui, e estamos cada vez mais vulneráveis pela dificuldade de saber de onde vem e como vem as dificuldades, ameaças e oportunidades.
Como em tudo existe um pontapé inicial, uma estaca zero para uma marca ser lembrada ou não ser esquecida, também existe o ponto inicial, que é o posicionamento de marca.
Posicionamento de marca é um conjunto de esforços estratégicos que se aplicam a uma determinada marca no sentido de se gerar diferenciação e, com isso, se construir relevância de marca na vida das pessoas para as quais ela se destina
Marcos Hiller
Marcas políticas bem posicionadas tem consistência em todos os pontos de contato. Lembre-se, todos os pontos de contato do político é um canal de comunicação e, por isso, precisa haver coerência entre o que a marca é, como ela atua e como reverbera ao público.
Suas chances de disputar uma eleição e ser mais um igual ao outro concorrente é enorme. Pensando assim, a tendência é você investir e se dedicar em ser visto, caindo na premissa dos 98% dos candidatos commodities que disputarão as eleições mesmo que a maioria seja melhor do que você, inclusive.
Mas há esperança. Minha dica é: Posicione-se. Escolha um caminho e exclua os outros. Através da pesquisa, conheça o seu eleitor. Encontre o seu propósito, seja consistente e coerente na execução. Seja detalhista.
Para finalizar vou me utilizar da frase do professor e amigo Marcos Hiller: “Invista em tráfego para ser visto, mas invista em branding para não ser esquecido”.
Sobre mim
Meu nome é Marcelo Fabrão. Sou marqueteiro político há 16 anos. Casado, pai de dois meninos lindos, Filipe Lucas e David Luiz. Amo filmes, séries, rock, fotografias, bateria e Muay Thai. Em 2020, no meio daquela pandemia infernal, percebi a importância do branding na estratégia de comunicação eleitoral e me tornei um estrategista de marcas com o propósito de ajudar políticos a se transformarem em marcas sinceras e atuais. Além de consultor de Marketing Político e Branding, sou diretor de um Instituto de pesquisa e da agência Fabbron. Me siga no Instagram @marcelorfabrao e no Linkedin
Imagem: Agência Fabbron
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