Por Edmilson Palermo Soares
Chegamos ao final de nossa viagem pelas regiões vinícolas da Itália, fechando com chave de ouro. A Sicília é a maior ilha da Itália, com as mais antigas tradições e culturas, por onde passaram as grandes civilizações, deixando uma rica história e um acervo artístico magnífico. Ela encanta os visitantes pelas suas incontáveis belezas naturais, por uma gastronomia encantadora, variados aromas e seus fabulosos vinhos.
Falaremos sobre suas uvas nativas e os vinhos apaixonantes feitos com elas, em processos de uma longa tradição.
A história vinícola da Sicília remonta há milhares de anos, com evidências de que os gregos antigos começaram a cultivar uvas na ilha por volta do século VIII a.C.
Durante o Império Romano, a Sicília tornou-se um importante produtor de vinho, exportando suas preciosas safras para Roma e outras regiões do império.
No entanto, a produção vinícola da Sicília sofreu um declínio durante a Idade Média, devido a invasões bárbaras e incursões árabes.
Foi somente no final do século XVIII que a indústria vinícola da ilha começou a se recuperar, com a implementação de modernas técnicas de cultivo e produção de vinho.
No século XIX, a Sicília experimentou um grande boom na produção de vinho, com a introdução de novas variedades de uvas (como Nero d’Avola) e a modernização das vinícolas da região.
No entanto, a produção de vinho barato em grande escala também afetou a reputação dos vinhos sicilianos, que eram frequentemente considerados de baixa qualidade.
Um dos primeiros vinhos importados da Itália para o Brasil foi um vinho da Sicilia, o Corvo Ducca di Salaparuta. Este é um vinho envolto em uma lenda local.
Corvo é uma lenda siciliana com raízes nobres. Foi fundada em 1824 por Giuseppe Alliata di Villafranca, Príncipe do Sagrado Império Romano, Gran Duque da Espanha e o primeiro Duque de Salaparuta.
Giuseppe era um entusiasta que decidiu produzir seu próprio vinho a partir das uvas cultivadas em suas propriedades em Casteldaccia. Ele produziu um elegante vinho de estilo francês, que era completamente diferente do estilo dos vinhos sicilianos da época. Suas inovações deram frutos e assim nasceram os vinhos Corvo Bianco e Corvo Rosso, os primeiros vinhos a serem engarrafados na Sicília, que são um símbolo da visão de futuro pela qual Duca di Salaparuta é conhecida.
A lenda diz que o nome da marca veio por causa de um barulhento corvo que estava incomodando os trabalhadores da vinha. Certo dia, um monge local, que teria a capacidade de conversar com os animais, levou o pássaro a uma caverna onde negociaram um acordo: o corvo não faria mais barulho, mas sua imagem teria que ser usada nos rótulos dos vinhos.
Nos últimos anos, a Sicília passou por uma verdadeira revolução na indústria vinícola, com um foco renovado na produção de vinhos de alta qualidade e autenticidade. Vinícolas familiares e pequenos produtores estão se destacando na região, utilizando métodos tradicionais e respeitando o terroir único da ilha.
Atualmente, a Sicília é conhecida por seus vinhos encorpados e aromáticos, especialmente os feitos a partir da uva Nero d’Avola, e é considerada uma das regiões vinícolas mais emocionantes da Itália. Com sua rica herança vinícola e clima ideal para o cultivo de uvas, a Sicília promete continuar surpreendendo e encantando os amantes do vinho em todo o mundo.
Falaremos nas próximas semanas sobre alguns desses grandes vinhos.
Um brinde! E até lá.
Edmilson Palermo Soares
Enófilo, sócio proprietário da Confraria da Taverna, loja de vinhos e espumantes que traz novas experiências no mundo do vinho, estudioso e entusiasta, com conhecimento prático provando vinhos de mais de 20 países e diversas uvas desconhecidas do público em geral.
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Foto principal: Pexels
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