Por Edmilson Palermo Soares
Essa é uma pergunta que sempre escuto.
A nomenclatura de vinho de mesa é diferente aqui no Brasil do que em outros países.
Hoje vou falar apenas do Brasil.
O Brasil é o maior produtor de vinhos de mesa do mundo, e aqui 90% do consumo nacional é deste tipo de vinho.
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Vinhos de mesa são aqueles produzidos com as uvas da espécie Vitis labrusca (que são originárias das Américas): Bordô, Isabel, Concord, Niágara, entre outras. São uvas que geralmente se encontra em feiras e supermercados, perfeitas para o consumo in natura e também para a produção de sucos.
Os vinhos produzidos a partir destas uvas possuem características mais simples de aroma e sabor. O sabor, inclusive, costuma ser intenso e doce, sem muitas surpresas: um doce que não vai muito além do fato ser apenas doce. Isso porque estas uvas possuem cascas mais finas, com poucas substâncias responsáveis por agregar complexidade. Outra característica dos vinhos de mesa é sua menor graduação alcoólica em relação aos vinhos finos.
Normalmente estas uvas não têm frutose suficiente para a transformação em álcool e aí é necessário a adição de algumas matérias primas: até 100gr de açúcar (glicose) por litro e Sorbato de potássio (conservante de excelente qualidade, capaz de prevenir ou retardar o surgimento de bactérias, fungos, e bolores nos mais diferentes alimentos).
As Vitis labrusca demanda menos cuidados, já que são plantas que se adaptam a diversos ambientes e climas e costumam ter uma produção mais elevada.
Não confundir estas uvas com as Uvas Lambrusco que pertencem a outra família de uvas.
Vinho fino X vinho de mesa
Vinhos finos são os vinhos produzidos com as uvas da espécie Vitis vinífera: Merlot, Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Malbec, Chardonnay e mais uma diversidade enorme (em torno de 6 mil variedades).
São uvas não indicadas para o consumo in natura. Estas uvas possuem uma casca grossa e rica em taninos, que são responsáveis por trazer aromas para o vinho. Nessas uvas, a casca possui uma maior quantidade de substâncias aromáticas (mais casca = mais substâncias), o que está muito relacionado com a ideia de complexidade do vinho: as várias nuances de aroma e sabor que os vinhos podem apresentar.
O cultivo das uvas Vitis vinífera exige maior cuidado, já que elas não se adaptam a qualquer terreno ou clima. Além disso, a produção desses vinhos possui uma regulamentação mais rigorosa.
Sobre esta regulação falaremos em outro artigo.
E qual deles é melhor?
Vinhos de mesa costumam agradar quem prefere vinhos mais doces, os vinhos finos tem boa aceitação de quem prefere sabores mais pegados. Uma possibilidade é a pessoa começar bebendo vinho de mesa e, no caminho, despertar para o interesse por vinhos finos, numa ideia de evolução do paladar.
Mas, no final, tudo se resume ao gosto pessoal.
Edmilson Palermo Soares
Enófilo, sócio proprietário da Confraria da Taverna, loja de vinhos e espumantes que traz novas experiências no mundo do vinho, estudioso e entusiasta, com conhecimento prático provando vinhos de mais de 20 países e diversas uvas desconhecidas do público em geral. Me siga nas redes sociais: no Instagram @contaverna, Facebook Confraria da Taverna e Linkedin
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1 comentário
Ótima a reportagem sobre vinhos; talvez o pequeno consumo desta bebida se deve ao fato de mto pouca informação.