Por Edmilson Palermo Soares
Dia 16 de agosto é comemorado o Dia da Uva Pinot Noir. É possível que você já tenha ouvido falar desta uva, tenha visto os vinhos e mesmo espumantes produzidos por ela nas lojas de vinho e/ou supermercados.
É uma uva de características bastante peculiares. Vale a pena aprender e degustar vinhos onde a Pinot Noir está envolvida, lembrando que é uma das principais uvas utilizadas na fabricação de champagnes e espumantes.
É uma uva nativa e das mais tradicionais da França, sendo considerada por muitos a mais elegante. É uma uva bastante sensível às alterações de clima e de solo, podendo apresentar grandes variações entre safras, solos e microclimas diferentes.
É uma uva de casca fina, que contribui para sabores mais delicados e uma coloração vermelha menos intensa.
Seus aromas mais comuns são amora, cereja, framboesa, especiarias, flores e ervas.
A Pinot Noir é a mais delicada e complexa, sendo bastante vulnerável a apodrecimento e mofo durante o cultivo. Cultivá-la fora da Borgonha, de onde é nativa, é uma verdadeira arte que exige muito conhecimento e técnica.
São necessários cuidados extremos no processo de vinificação (fermentação com temperatura controlada, uso de métodos delicados de filtração, cuidados higiênicos rigorosos).
As melhores uvas são aquelas de uma baixa produtividade por hectare, quando as podas reduzem o número de cachos por parreira, acentuando o sabor.
Ela é o contraponto da Cabernet Sauvignon. A Cabernet produz vinhos encorpados com muita intensidade, enquanto a Pinot Noir produz tintos mais leves e com mais aromas.
A Pinot Noir é responsável por vinhos lendários, como o “La Romanée-Conti”.
Em climas frios, tende a ganhar mais aromas e mais acidez. Em climas quentes, costuma gerar vinhos sem acidez, menos aroma e sabor.
Na região de Côte de Nuits (Borgonha) os vinhos são tintos de textura suave e corpo médio a cheio. Aqui é considerada a terra natal da uva.
No Novo Mundo também se produzem excelentes vinhos a partir dessa uva. Os vinhos costumam ser mais maduros, variando de medianos a encorpados, com grande sabor e boa persistência no palato. Podemos citar: Chile, Nova Zelândia, Austrália, EUA e Brasil,
Os vinhos de Pinot Noir não são muito longevos. Atingem sua maturidade em torno de 8 a 10 anos e permanecem no auge por pouco tempo. Existem poucas exceções que conseguem ultrapassar esse tempo.
A fama da Pinot Noir não vem apenas da produção de vinhos. Ela também é a base de champagnes e espumantes, sendo plantada na região de Champagne desde o século XV quando Dom Perignon começou a usá-la para fazer os espumantes, alegando que as uvas brancas tinham uma tendência latente à refermentação,
Ainda assim, o vinho produzido tinha muita instabilidade. A fermentação era interrompida no início do frio e recomeçava no calor.
Dom Pérignon acreditava que os vinhos perdiam os aromas quando guardados em barris de carvalho e, por isso, os guardava direto nas garrafas. Assim, quando a segunda fermentação acontecia, o dióxido de carbono ficava retido na garrafa. Foi dessa forma que nasceu o Champagne feito somente de Pinot Noir e o método Champenoise para a produção de espumantes.
Depois, o espumante passa por um processo de descanso e envelhecimento por até 36 meses em caves subterrâneas, sendo finalizado com a remoção das impurezas.
Por ser mais delicado e artesanal, o método Champenoise é reconhecido pela qualidade, resultando em espumantes com perlage (borbulhas) fina, complexidade gustativa e evolução nos aromas.
Lembrando que o Método Charmat passa por duas fermentações em tanque de inox (chamado de autoclave).
A uva pinot noir no Brasil e no mundo
Na França em Côte de Nuits (Borgonha) é a origem dos vinhos Pinot Noir mais famosos. Para experimentar todos seus espetaculares aromas e sabores, estes vinhos precisam evoluir com o tempo.
Já em Côte de Beaune (Borgonha)os vinhos são elegantes e delicados. São menos complexos, precisando de menos tempo para evoluir;
A Nova Zelândia é considerada por muitos como a segunda melhor alternativa, principalmente nas regiões de Canterbury e Marlborough.
Nos Estados Unidos se produzem vinhos com aromas de framboesa e cereja e toques de carvalho francês. Destaques para a Califórnia e a região de Oregon.
O Chile produz vinhos cada vez mais conhecidos no mundo e apreciados, com destaque para o Vale de San Antônio.
O Brasil tem ganho respeito mundial na produção de Pinot Noir graças a Serra Gaúcha, onde se produz as melhores uvas Pinot Noir, dando origem a excelentes espumantes. O Brasil é considerado um dos quatro melhores produtores de espumantes do mundo, tanto pelo método Champenoise quanto pelo método Charmat.
Na Alemanha a produção de vinhos tintos é limitada. O Pinot Noir é uma de suas principais uvas.
Para harmonizar o Pinot Noir não é tão complicado. Ela combina muito bem com pratos da comida francesa, como presunto cozido, coelho com mostarda e Boeuf (carne cozida lentamente com legumes no vinho). Também acompanha pratos simples, como vegetais cozidos, risotos, carne assada, atum ou salmão. Para quem gosta de queijos, o ideal é optar pelos de massa mole.
Para aqueles jantares em restaurantes em que cada amigo pede um prato diferente, o Pinot Noir é uma ótima opção.
Um brinde!!!
foto: vinetur.com
Edmilson Palermo Soares


Enófilo, sócio proprietário da Confraria da Taverna, loja de vinhos e espumantes que traz novas experiências no mundo do vinho, estudioso e entusiasta, com conhecimento prático provando vinhos de mais de 20 países e diversas uvas desconhecidas do público em geral.
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