Existe vinho japonês?

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Por Edmilson Palermo Soares

Quando pensamos no Japão e bebida, a primeira coisa que vem à cabeça é Saquê.

Mas será que no Japão tem vinho?

Me fizeram essa pergunta e eu confesso que não sabia. Nunca tomei um vinho japonês.

Então saí perguntando aos amigos, parceiros e descobri que sim.

E, para minha surpresa, não é que são vinhos de ótima qualidade?

Resolvi pesquisar sobre o assunto e olha o que descobri.

O vinho japonês

O primeiro registro conhecido é de Gyōki, um eremita do século 8 que plantou vinhas no Templo Daizen.

Em 1549, Francisco Xavier (um padre português) levou o cristianismo ao Japão e, pela primeira vez, apresentou o vinho. Muitos samurais passaram a apreciar a bebida.

Em 1877, a “Restauração Meiji” restitui o poder imperial ao Japão e dá início a grandes mudanças econômicas, sociais e culturais na sociedade japonesa. Dois agrônomos japoneses (ex-samurais) são enviados para estudar em Beaune (Borgonha-França), sendo os primeiros enólogos japoneses: Tsuchiya Ryuken e Takano Masanari.

Ao longo dos anos, empreendedores japoneses tentaram produzir vinho localmente, apesar do clima pouco favorável ao cultivo. Mas eles desenvolveram uvas adequadas ao terroir japonês, adotaram diferentes sistemas de manejo de vinhedos e selecionaram a uva certa para cada região. Agora, finalmente, os esforços acumulados vêm dando frutos.

Hoje em dia existem aproximadamente 470 vinícolas no Japão, que produzem vinhos de 28 variedades de vitis viníferas e 61 variedades de uva de mesa.

A indústria de vinho japonesa tem a vantagem de não ser restringida por regras complexas como nas regiões tradicionais de produção de vinho. Os produtores são livres para escolher qualquer local de vinhedo, variedades de uva, período de envelhecimento e assim por diante. Existem vinícolas por todo o país, produzindo estilos diversos de vinhos.

Duas cepas se destacam por serem exclusivas do Japão:

Muscat Bailey A

Variedade de uva tinta que é resistente a problemas como fungos e bolores causados pelo clima úmido japonês.

Tem taninos suaves e um aroma frutado com notas de frutas vermelhas, graças ao alto nível de furaneol (pode ter mil vezes mais do que as variedades de uva europeias), composto orgânico que também é encontrado em morangos e abacaxis, e no molho de soja.

Os vinhos desta uva são naturalmente harmoniosos com a comida japonesa, como o molho teriyaki.

Fotos: Pexels

Koshu

É uma variedade de uva branca que foi plantada pela primeira vez em 1186. Sua origem ainda é um pouco misteriosa. Existem três possibilidades:

  • 100% nativa do Japão;
  • Tem raízes em variedades europeias;
  • É um híbrido de variedades europeias e americanas.

Possui a casca de coloração rosa e expressa o terroir japonês.

Apresenta notas refrescantes e cítricas, como o Sauvignon Blanc. É possível encontrar na bebida um buquê aromático como pêssego e pêra, assim como no Pinot Grigio. Também apresenta uma beleza sutil, elegante e sem esforço (conhecida como “shibumi”), ou uma agradável sensação de aperto na boca, que dá um equilíbrio ao vinho com uma nota de chá de jasmim.

No Brasil, são raríssimos os locais de compra fora do e-commerce.

Em Nova York, a Skurnik Wines & Spirits (tem no portifólio bebidas alcoólicas de 43 países) começou a importar os vinhos japoneses em 2023.

Nos Estados Unidos primeiramente foi introduzido o uísque japonês e, devido a reputação de qualidade, a aceitação dos vinhos tem sido muito rápida por lá.

Curioso sobre estes vinhos? Eu também…

Edmilson Palermo Soares

Enófilo, sócio proprietário da Confraria da Taverna, loja de vinhos e espumantes que traz novas experiências no mundo do vinho, estudioso e entusiasta, com conhecimento prático provando vinhos de mais de 20 países e diversas uvas desconhecidas do público em geral. Me siga nas redes sociais: no Instagram @contaverna, Facebook Confraria da Taverna e Linkedin

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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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