Por Márcia Huçulak
No segundo semestre deste ano teremos eleições municipais. Apesar de ainda faltarem pouco mais de oito meses para o pleito, trago o assunto aqui e agora por um motivo importante: instigar mulheres a participarem ativamente tanto como candidatas como apoiadoras de mulheres candidatas nesse processo eleitoral.
Acredito que é pela ampliação feminina no universo da política que podemos diminuir distorções ancoradas no gênero que ainda persistem na sociedade.
E elas são muitas! Mais do que isso: há inúmeros temas que dependem de nós, mulheres, levarmos ao palco da política; caso contrário eles dificilmente serão enfrentados.
Alguém já disse, com propriedade: se homem menstruasse, a situação vexatória da pobreza menstrual no Brasil (falta de acesso a produtos e boas condições durante o período) que muitas mulheres enfrentam já estaria resolvida há tempos.
Várias outras situações sobrecarregam as mulheres, geram desigualdade entre os gêneros e exigem debate e ações: feminicídio e violência, diferenças salariais, trabalho invisível e não remunerado, estereótipos, preconceito…
A busca por soluções para esses e outros problemas pode ser muito incrementada se mais mulheres se dispuserem a entrar na política. É nesse campo que se produzem as mudanças na sociedade, seja na legislação, seja no executivo, com a implantação de políticas públicas em prol das mulheres.
Mas vejam: não se trata de entrar na política para defender “apenas” causas femininas. Como provam inúmeros exemplos, estamos mais do que capacitadas a trabalhar em todas as frentes, independentemente da área, melhorando efetivamente os resultados.
Competência, capacidade e eficiência não estão vinculadas ao gênero da pessoa, mas a desproporção entre homens e mulheres nos espaços de poder e decisão é muito acentuada.
A presença mais efetiva de mulheres nas eleições, no entanto, vem se mostrando frágil, com participação de muitas apenas para fazer número no processo.
Precisamos reverter esse cenário.
Por mais mulheres concorrendo
É preciso primeiro vontade de entrar em campo e, depois, algum planejamento. Por exemplo, atenção aos prazos da legislação eleitoral.
Quem ainda não é filiada a partido precisa analisar com qual agremiação tem mais afinidade. Trata-se de um processo que deve ser feito com calma e ponderação, de preferência conversando e trocando impressões com quem já faz parte do cenário político.
Há tempo para isso, mas ele não é eterno. As convenções partidárias, que estabelecem os candidatos, ocorrem entre 20 de julho e 05 de agosto. O registro das candidaturas precisa ser feito até 15 de agosto.
Para quem faz parte dos quadros do serviço público, há um prazo para se desincompatibilizar da função exercida, mesmo que provisoriamente.
Servidores em geral precisam deixar a função três meses antes do primeiro turno (06 de outubro). Já o prazo é de seis meses para dirigentes de órgãos e empresas públicas que pretendam disputar cargo de vereadoras. (Os prazos mudam de acordo com o cargo disputado. Saiba mais no para o site do Tribunal Regional Eleitoral. Veja demais prazos aqui).
Experiência
Após mais de 36 anos de trabalho no serviço público, meu primeiro ano como deputada estadual trouxe muitos aprendizados. Um deles foi o trabalho da Bancada Feminina. Somos dez deputadas, de vários partidos e, portanto, diferentes matizes políticos. Debatemos, concordamos, discordamos, mas vamos sempre juntas nas ações em prol das mulheres.
É um avanço que deve ser ampliado. Somos o maior grupo de mulheres da história da Casa, mas apenas dez (18,5%) de 54 deputados.
A tímida proporção se repete nas Câmaras municipais, palco das eleições este ano, ao lado das prefeituras. Para ficarmos apenas nas maiores cidades, Curitiba tem atualmente sete mulheres entre os 38 vereadores (18%); Londrina, sete de 19 (36%, uma proporção que destoa positivamente das demais); Maringá, duas de 15 (13%).
É bom lembrar o que está na raiz deste meu “convite”: a política está vinculada à capacidade da sociedade em se organizar, promover o bem comum e resolver conflitos inerentes a quaisquer agrupamentos humanos. Quanto mais equilibrada for a proporção de homens e mulheres nesse jogo, melhor para todos.
Que tal refletir um pouco sobre isso? E mãos à obra!
Márcia Huçulak
Como secretária de Saúde de Curitiba (2017/2022), liderou o enfrentamento da pandemia de covid-19 na capital – trabalho reconhecido nacionalmente. Formada em Enfermagem pela PUC-PR, tem mestrado em Planejamento de Saúde pela Universidade de Londres (Inglaterra) e especialização em Saúde Pública pela Fiocruz. Elegeu-se deputada estadual em 2022 pelo PSD, sendo a mulher mais bem votada do estado e a mais votada (entre homens e mulheres) de Curitiba. Encontre a Márcia Huçulak nas redes: site
www.marciahuculak.com.br; Instagram: @marciahuculak; Facebook: Márcia Huculak. Telefone gabinete: (41) 3350-4223.
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