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Por que imitações de luxo e roupas com “cara de rica” fazem tanto sucesso?

Por Ana Paula Barcellos

Essa semana acompanhei, tanto em perfis nas redes quanto em publicações sobre moda, alguns debates muito interessantes sobre dois fenômenos muito atuais e complexos: o fascínio pelas imitações de grifes de luxo e a tal da roupa com “cara de rica”.

Esses são debates que me interessam muito (até já escrevi sobre) porque estão ligados a outros dois fenômenos muito conectados com a vida que exibimos nas redes sociais: o da ostentação e o da busca desenfreada por likes, aprovação e aceitação.

Sabemos que a busca por reconhecimento social e status é coisa muito antiga e seguem sendo os principais motores desses fenômenos. Por incrível que pareça, muita gente ainda acredita que, ao usar uma bolsa com o logotipo da Chanel ou uma bermuda de alfaiataria, vai ser percebida como parte de uma elite sofisticada.

O fascínio pelas imitações de grifes de luxo e a roupa com "cara de rica" estão em alta nas redes sociais. Mas esta ostentação fake funciona como uma máscara para se encaixar em círculos sociais. Entenda
Foto: Freepik

Claro, isso está longe de ser verdade. Mas na cabeça de muita gente, a ostentação nesse contexto é uma forma de mostrar que pertence a um grupo especial, seleto. E quem não gosta de ser admirada e invejada por ser elegante?

Assim, as imitações de grifes ou as roupas que parecem de “rica” funcionam como uma máscara para tentar se encaixar em determinados círculos sociais. Sim, quem usa cópia de grifes e roupa para “parecer rica”, no fundo busca ser vista como “rica”.

Luxo e engajamento nas redes sociais

As redes sociais desempenham um papel fundamental nesse fenômeno. Criadoras de conteúdo e influenciadoras exibem diariamente suas imitações de grifes e oferecem dicas de como montar looks com peças com “cara de rica”, gerando engajamento e estimulando a busca por esse tipo de conteúdo e a compra desse tipo de produto.

É importante entender que esse fenômeno e o desejo por ostentação e parecer pertencente a uma elite não se baseia apenas no valor monetário das roupas, mas na forma como elas são percebidas socialmente. E quando classificamos uma peça como sendo de “rica”, estamos contribuindo para perpetuar estereótipos e preconceitos que estimulam também comportamentos de exclusão social.

Associar roupas a status social pode também afetar negativamente a autoestima das pessoas. Ninguém deveria se sentir inferior por não usar peças grifadas ou roupas com “cara de rica”. Valorizar a individualidade e a autoimagem é mais importante do que seguir padrões impostos pela sociedade.

Além disso (que já é suficientemente ruim), essa categorização e a busca incessante por réplicas de luxo limitam a liberdade de expressão através da moda.

Estilo único – Foto: Getty Images

A moda é uma forma de expressão pessoal, essa padronização de como devemos nos vestir, como devemos nos parecer e o que devemos usar, pode inibir a criatividade e a experimentação. Uma pessoa verdadeiramente estilosa mistura peças de diferentes tipos e origens (lembra do hi-lo?), criando looks únicos. É essa diversidade que faz o estilo pessoal evoluir!

Por isso é importante saber mais sobre esses fenômenos, para que a gente possa olhar de forma crítica as influências que recebemos e absorvemos e refletir mais sobre a urgência de se promover cada vez mais uma moda inclusiva, que celebre a diversidade e autenticidade. Até porque estilo de verdade não tem a ver com etiqueta.

Foto principal: Freepik

Ana Paula Barcellos

Viciada em botas, sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências. Tem foto da Suzy Menkes na estante e escreve essa coluna usando pijama velho, deitada no sofá enquanto toma café com chocolate. Me siga no Instagram Me siga no Instagram @experienciasdecabide @yopaulab

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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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