Por Ana Paula Barcellos
Vi esse debate hoje no Instagram e coincidiu que a Regina Casé deu uma entrevista para a Vogue Brasil dizendo que gosta de misturar peças de luxo com peças mais populares. Taí uma questão interessante: conheço gente que separa roupas de marcas famosas das mais populares como quem separa pijama de roupa de sair, e não mistura nada.
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Pois quem me acompanha há um pouco mais de tempo provavelmente já sabe o que vou dizer: misturar é uma ótima ideia sim, dá mais que certo. Pra começar, eu não acredito nesse tipo de separação: grifada/popular, combinar demais cores de roupas ou acessórios, se prender demais a um único estilo. Até porque a gente já sabe que não é isso que garante um look único e realmente estiloso.

Misturar peças de roupas grifadas com peças sem marca costuma render looks muito bons, vale a pena tentar. Pra quem quer experimentar, a dica principal é: coordenar modelagem, estampas e tecidos. Esse tripé é o que vai garantir um bom caimento e vai fazer a produção ficar incrível, independentemente da peça ser grifada ou não.
A calça mais legal que eu já tive de alfaiataria não era grifada. Era feita por costureira e com um Oxford meio termo, nem muito bom nem muito ruim. O lance é que a costureira era boa e a calça ficou incrível. Fez muito sucesso coordenada com camiseta e tênis e com corset e salto, com sandália plataforma e blusa assimétrica, mil looks criei com ela, todos maravilhosos. Certa vez, usei com uma tomara que caia divina, rosa chá, bordada, feita por uma especialista em alta costura – sentiu a ousadia? Casou muitíssimo bem, uma pena que naquela época celulares com câmera eram caríssimos e as digitais estavam começando a aparecer.

Quem me acompanha a mais tempo talvez também já saiba o que vou dizer agora: tem que provar, tem que ver no corpo – de preferência com o auxílio de um espelho de corpo inteiro. Mas é mesmo questão de explorar possibilidades e novos horizontes, sair da caixinha. Dá pra usar blusinha de malha de garimpo, sem etiqueta, com jaqueta grifada, óbvio. Mas é mais que isso, dá pra ir além.
Podrinhas e chiques você acha no garimpo

No começo da pandemia, eu entrevistei a Fernanda Nabhan para a coluna. Ela, excelente designer, confessou que gosta mesmo é das “podrinhas”, as blusas e camisetas de malha das mais baratas que chegavam na loja na época, confortáveis, e que ela aproveitava para criar looks estilosos para o dia a dia. É o famoso “depende de como você faz”.
Também Já falei sobre hi-lo aqui na coluna, que é o estilo que mistura peças mais casuais com outras sofisticadas e também pode ser uma ótima aposta e uma boa forma de experimentar novos looks. A diferença que faço, entre uma coisa e outra, é que você pode misturar uma peça de marca de luxo com outra popular e as duas serem na mesma pegada, no mesmo estilo. Pra mim, o hi-lo deixa essa mistura óbvia porque são sempre dois estilos diferentes e contrastantes.
Seja como for, mãos a obra, tira tudo do guarda-roupas, o céu é o limite! E nem preciso falar o quanto os brechós são ótima opção para encontrar peças para misturar, né?
Ana Paula Barcellos

Viciada em botas, sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências. Tem foto da Suzy Menkes na estante e escreve essa coluna usando pijama velho, deitada no sofá enquanto toma café com chocolate. Me siga no Instagram @yo.anap e @experienciasdecabide
Foto principal: Pinterest
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