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Consertar roupas é tendência que veio pra ficar

Por Ana Paula Barcellos

As tendências que realmente têm potencial transformador são aquelas que se estabelecem depois de alguns anos. Nos últimos anos, temos observado uma mudança significativa na maneira como lidamos com nossas roupas. Em vez de descartar peças danificadas ou fora de moda, muitas pessoas estão optando por restaurar e consertar suas roupas. E eu diria que essa é mais que uma tendência, é um movimento que veio junto com o ressurgimento dos brechós, quando voltaram a aparecer boas lojas de roupas usadas e seminovas, lá nos idos de 2010/2011. Me lembro que também voltaram a multiplicar os cursos de corte e costura, de bordado (que depois virou uma febre) e de customização de roupas.

Foto: iStockphotos

Ainda que o hype tenha passado um tanto, o movimento parece seguir firme. Muita gente tem escolhido mandar as roupas para a costureira consertar ou fazer pequenos reparos em casa mesmo e o investimento de quem trabalha com o upcycling segue forte também!

E é ótimo que seja assim. A gente, como sociedade, precisa repensar de verdade e urgentemente nossa relação com o consumo e com as roupas, a Moda. É urgente que a gente encontre cada vez mais formada conscientes e sustentaveis de nós vestir e nos comunicar com nosso estilo. Isso é bom pra nós, pra economia e para o meio ambiente.

Esse movimento tem um impacto super positivo messe sentido porque promove justamente uma cultura de “consumo mais consciente“, digamos assim, que prioriza a valorização do que a gente tem e faz pensar duas vezes antes de descartar algo. Isso vai na contramão da cultura do fast fashion, que precisa mesmo ser abolida, porque estimula o consumo desenfreado e a tal da obsolescência programada (a brusinha dessa estação já não serve pra próxima porque estragou).

E a indústria da Moda é uma das mais poluentes do mundo, né? De acordo com a Ellen MacArthur Foundation, cerca de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis são gerados anualmente. Restaurar e consertar roupas ajuda a diminuir essa quantidade absurda, prolongando a vida útil das pecas e diminuindo a necessidade de produzir novas roupas. O que, por sua vez, reduz o consumo dos recursos naturais e a emissão de gases de efeito estufa.

Escolha consertar

Foto: Freepik

Além de ajudar o ambiente, restaurar roupas rambem é uma prática econômica. Em vez de gastar dinheiro comprando novas peças, podemos investir em pequenos reparos que geralmente são mais baratos. Isso também valoriza o trabalho dos profissionais de costura, que muitas vezes são subestimados na cadeia de produção da moda. Ao escolher consertar, estamos também reconhecendo e valorizando o trabalho manual e artesanal.

Sem contar que um pequeno reparo pode transformar completamente uma peça, ajudando a criar um estilo pessoal único e com mais personalidade. O YouTube e o Instagram estão cheios de tutoriais e ideias pra quem quer se aventurar e começar a estilizar e customizar suas roupas.

Foto: imagem gerada por IA/Freepik

Aliás, outra necessidade que vai de encontro com esse movimento é de mudar a mentalidade de que peças que foram reparadas ou customizadas (nesse caso é justamente o contrário) são de menor valor ou não são de boa qualidade. Muitas vezes as peças reparadas recebem reforço e duram mais por isso. E a prova de que consertar e customizar pode ser chique e sofisticado é que marcas de luxo como a Uniqlo e a Coach, por exemplo, já estão oferecendo esses serviços como parte de suas operações.

Ou seja, esse é definitivamente um movimento que precisa continuar. Restaurar e consertar roupas é o tipo de atitude que parece simples, mas pode ter um impacto enorme, contribuindo para um mundo mais sustentável onde valorizamos mais o que temos e menos o que descartamos e que pode inclusive definir como vai ser nosso futuro e o do planeta.

Foto principal: iStockphotos

Ana Paula Barcellos

Viciada em botas, sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências. Tem foto da Suzy Menkes na estante e escreve essa coluna usando pijama velho, deitada no sofá enquanto toma café com chocolate. Me siga no Instagram Me siga no Instagram @experienciasdecabide @yopaulab

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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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