Por Marcelo Minka
Os lançamentos da semana deixam a desejar, só valem mesmo para os fãs.
Silvio
O filme se propõe a imortalizar um dos maiores ícones da televisão brasileira, mas sua execução deixa a desejar. A narrativa, que se concentra no sequestro do apresentador, fragmenta-se em flashbacks que, embora pretendam construir uma trajetória, soam desconexos e pouco aprofundados. A escolha de Rodrigo Faro para o papel principal é questionável, sua interpretação não captura a essência de Silvio Santos, e a caracterização, em alguns momentos, beira a caricatura.

A direção de arte, especialmente nas sequências que retratam o passado, demonstra uma falta de cuidado com os detalhes, comprometendo a imersão do espectador. O ritmo narrativo é acelerado, atropelando momentos importantes e prejudicando o desenvolvimento dos personagens secundários. O filme, ao invés de celebrar a figura de Silvio Santos, acaba por reduzi-lo a um estereótipo, explorando apenas os aspectos mais sensacionalistas de sua vida.
“Silvio” é uma oportunidade perdida de criar uma cinebiografia à altura de seu protagonista. A obra, apesar de despertar curiosidade, não consegue entregar uma experiência cinematográfica satisfatória, deixando um gosto de incompletude. A tentativa de abarcar a vida de um homem tão complexo em pouco mais de duas horas resulta em um retrato superficial e pouco fiel à realidade. Apenas para os fãs de carteirinha.
O Menino e o Mestre
O filme é uma adaptação do best-seller do premiado escritor inglês Michael Morpurgo, autor também de “Cavalo de Guerra”, que foi adaptado para o cinema por Steven Spielberg, em 2011. Na trama, a relação entre os personagens Michael e Kensuke, o ponto central da trama, é tocante, mas poderia ter sido explorada com mais nuances. A superação das barreiras linguísticas e culturais, embora seja um tema interessante, é tratada de forma superficial, e a evolução da amizade entre os dois personagens poderia ter sido mais gradual.

A parte final do filme, com a chegada dos invasores, quebra um pouco o ritmo da narrativa e parece apressada. A resolução dos conflitos é previsível e não surpreende o espectador. Além disso, a mensagem sobre a importância da natureza e da preservação do meio ambiente, embora relevante, é bastante explícita e poderia ter sido trabalhada de forma mais sutil.
“O Menino e o Mestre” é um filme que agrada pelo visual e pela temática, mas não se aprofunda o suficiente em seus personagens e em suas mensagens. A obra, apesar de ser uma boa opção para o público infantil, não consegue emocionar e inspirar como a história original.
Não Fale o Mal
A trama nos convida a um jogo psicológico perturbador, mas sua execução nem sempre convence. A premissa é promissora: uma família americana, em férias na Europa, é convidada para uma casa de campo e se envolve em uma espiral de tensão e horror. No entanto, a narrativa, apesar de tensa, acaba se perdendo em alguns momentos, explorando mais o suspense do que o terror psicológico.
As atuações são competentes, com destaque para James McAvoy (Vidro – 2019), que interpreta o enigmático anfitrião. No entanto, a construção dos personagens, especialmente os secundários, deixa a desejar, tornando-os pouco desenvolvidos e previsíveis. A fotografia e a direção de arte contribuem para criar uma atmosfera opressiva, mas a trilha sonora, em alguns momentos, soa genérica e não intensifica a tensão.

O filme se beneficia do clima de desconforto e da sensação de que algo está prestes a acontecer, mas o clímax não é tão impactante quanto poderia ser. A resolução da trama, embora surpreendente para alguns, pode parecer forçada para outros, deixando um gosto de insatisfação.
“Não Fale o Mal” é um filme que funciona como um entretenimento leve, mas não se aprofunda o suficiente em seus temas. A obra, apesar de apresentar momentos de tensão e suspense, não consegue causar um impacto duradouro no espectador. Para os fãs do gênero.
Marcelo Minka

Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas. Me siga no Instagram: @marcelo_minka e @m_minka_jewelry
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