Letra colada: recomeço para a Cultura?

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Por Ana Paula Barcellos

Quando soube da nomeação do novo secretário de Cultura, muita gente suspirou aliviada – e não sem razão. Já estávamos tão acostumados a sentir a Cultura sufocada, que ver essa mudança foi um sopro de esperança. O cenário cultural, que parecia estagnar e ir pra baixo do tapete, ganhou novo fôlego e isso é sim, motivo de comemoração.

A nomeação do novo secretário de Cultura trouxe alívio para muita gente. O que tornou esse momento ainda mais significativo é que artistas, profissionais e amantes da Cultura se uniram em torno de um assunto, que era urgente
Foto: TripAdvisor

O que tornou esse momento ainda mais significativo foi o jeito como artistas, profissionais e amantes da Cultura se uniram em torno do assunto, que era urgente. A famosa “colagem da letra caída na fechada” do Teatro Zaqueu de Melo é um exemplo perfeito de como a pressão popular realmente funciona. E, infelizmente, é só assim que a gente consegue ver algumas promessas de campanha serem cumpridas. Pode ficar um pé atrás pelo nome indicado, mas é alguém com abertura suficiente e essa nomeação veio como um sinal claro de que protestos conseguem, sim, causar impacto.

Cultura não se constrói da noite para o dia

Mas, claro, não podemos nos deixar levar apenas pela esperança. Embora essa nomeação seja um passo positivo, ainda há muito chão pela frente. É preciso seguir acompanhando de perto as ações, demandas e decisões que estão por vir. A Cultura não se constrói da noite para o dia; ela é um processo contínuo e colaborativo. Precisamos estar atentas e atentos para garantir que as promessas sejam cumpridas e que as iniciativas não fiquem apenas no papel.

Temos um papel fundamental ao continuar a cobrança, ao manter a pressão em cima de quem ocupa esses cargos de poder. Não é só a responsabilidade do novo secretário; é a nossa também.

Estamos de olho, e isso não vai mudar. O recado foi dado: a cultura é vital para a nossa identidade eu merecemos um espaço de fala e valorização. A nova fase começou, e que essa breve onda de alívio se transforme em um movimento de ações concretas e transformadoras.

Foto principal: Freepik

Pesadelo real é a extinção de secretarias municipais tão importantes, como a da Mulher, do Idoso e da Cultura. E é só o começo.

Ana Paula Barcellos

É graduada em História pela UEL, Mestre em Estudos Literários, integra coletivos culturais da cidade e é agente cultural. Sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências, e escreve também a coluna de Moda deste jornal. Siga os Instagram @experienciasdecabide e yopaulab

(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente a opinião do jornal

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