Por Ana Paula Barcellos
Ontem, enquanto esperava a cidade acordar e observava a lenta movimentação ao redor do cemitério, me ocorreu um pensamento: por que não aproveitar meu horário de almoço, que tem sido um tanto entediante, em um lugar mais interessante? Pensando nos lugares disponíveis perto de casa, me lembrei da Biblioteca Pública. Como não havia pensado nisso antes? A verdade é que, quando morava mais longe, frequentava muito mais bibliotecas. Por que foi mesmo que abandonei esse hábito?
Ao entrar na biblioteca, sentir o cheiro de livros e participar daquele silêncio foi surpreendentemente acolhedor. O tempo pareceu desacelerar, e, em meio às letras e palavras, me perdi nas páginas. Lá fora, ficavam me esperando as distrações cotidianas e, ali, eu encontrava um espaço sagrado, um momento de pausa para me reconectar com o que realmente é importante para mim.
Tenho uma pequena biblioteca em casa e leio bastante lá mesmo, todos os dias. Mas a experiência na Biblioteca é completamente diferente. Percebi, então, que é um verdadeiro privilégio ter esse espaço tão perto de onde moro, e poder passar meu horário de almoço mergulhada entre palavras e personagens. Mais do que isso, percebi a grande oportunidade que muitas vezes deixamos passar. A Biblioteca é uma grande fonte de cultura, educação e lazer, e, ainda assim, muitas mesas permanecem vazias, como se os livros ali estivessem apenas para decorar as estantes. O que nos impede de aproveitar essa possibilidade? Será nossa rotina frenética ou a falta de hábito de buscar outras formas de lazer?
Na verdade, há um universo de bibliotecas públicas em Londrina que aguardam para serem descobertas por nós. Além da Biblioteca Pública Municipal, que é a mais conhecida, temos a Biblioteca da Universidade Estadual de Londrina (UEL), por exemplo, que oferece um grande acervo de livros e um ambiente perfeito para a pesquisa e a leitura. Para os amantes de quadrinhos e literatura infantojuvenil, a Biblioteca Municipal de Londrina também tem uma seção dedicada a esses gêneros, tanto para crianças quanto adultos.
Outras bibliotecas pouco divulgadas são a Biblioteca do Centro de Artes e Esportes, o CEU, no Jardim Leonor, que conta com um acervo diversificado e frequentemente realiza eventos culturais; a biblioteca Ramal da Vila Nova na Rua Purus, a biblioteca do IFPR na Avenida da Liberdade (no Carnascialli), a Biblioteca Infantil na Praça 1° de Maio (Centro), a Biblioteca Ramal da Av. Saul Elkind e a Biblioteca Municipal que fica na Av. Guilherme de Almeida (Jd. Ouro Branco).
Pausa do almoço
Poder parar tudo para ler um livro em outro ambiente durante a pausa para o almoço acabou se tornando não apenas uma fuga, mas uma forma de aproveitar melhor meu tempo. Ao invés de ficar no celular, pude tirar mais uma hora de boa leitura livre de outras distrações – eu praticamente me esqueci de todo o resto por aquele tempo. Pensar que aproveitamos tão pouco esse espaço valioso e ainda pouco valorizado que a cidade nos oferece.
Em tempos agitados e tão dedicados às telas e às urgências do cotidiano, parar para ler um livro como se nada mais importasse pode ser o melhor ato de resistência que podemos praticar – e quem sabe assim inspirar mais pessoas a fazer o mesmo.
Foto principal: Arquivo/N.COM
Ana Paula Barcellos
É graduada em História pela UEL, Mestre em Estudos Literários, integra coletivos culturais da cidade e é agente cultural. Sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências, e escreve também a coluna de Moda deste jornal. Siga os Instagram @experienciasdecabide e yopaulab
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