Economia Criativa, agentes culturais e consciência de classe

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Por Edra Moraes

A Economia Criativa tem se consolidado como um importante pilar do desenvolvimento social e econômico. Suas dinâmicas envolvem a criação, produção e distribuição de produtos e serviços que utilizam a criatividade e o conhecimento como principais recursos. Nesse contexto, os agentes culturais assumem um papel determinante na transformação social e na ampliação do acesso à cultura. Este artigo explora, principalmente, o papel dos agentes culturais e a importância da consciência de classe no fortalecimento das políticas públicas culturais, inspirando-se em reflexões surgidas nas Oficinas Territoriais do Plano Nacional de Cultura (PNC).

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O papel dos agentes culturais

Recentemente, participei das discussões nas Oficinas Territoriais do Plano Nacional de Cultura, focando no Eixo #6: Economia Criativa, Trabalho, Emprego, Renda e Proteção Social. Nesses debates, destacou-se o papel dos agentes culturais: aqueles que atuam diretamente na criação, gestão e difusão de atividades culturais, como artistas, produtores culturais, educadores, gestores e ativistas. Somos peças fundamentais na Economia Criativa, responsáveis por traduzir a cultura local em produtos e eventos acessíveis ao público. Em Londrina, por exemplo, somos mais de 4 mil agentes culturais cadastrados e atuantes, conforme o Mapas Culturais.

Esses eventos permitem expor as dificuldades enfrentadas, proporcionando uma troca de conhecimentos e a articulação de estratégias para melhorar as condições de trabalho e garantir a sustentabilidade dos nossos projetos. As reclamações são muitas, os debates são intensos, e isso me levou a uma reflexão importante.

Consciência de classe e colaboração

A consciência de classe é um fator essencial para o fortalecimento da Economia Criativa. Ela envolve o reconhecimento dos interesses coletivos e da importância da colaboração entre os agentes culturais para enfrentar desigualdades e lutar por melhores condições de trabalho. Se falarmos em termos de discurso, esta é uma categoria com um índice notável de consciência de classe. Os agentes culturais e artistas estão entre os que mais reivindicam essa consciência em outras categorias e entre os que mais cobram políticas públicas efetivas, que respeitem a diversidade cultural e assegurem o acesso à cultura como direito fundamental.

Essa consciência se manifesta na identificação de desafios comuns e na construção de propostas que visem à inclusão e ao reconhecimento do trabalho cultural. No entanto, há uma lacuna entre essa consciência e sua aplicação na política.

Falta de representação política

Nas últimas eleições, poucos candidatos eram diretamente ligados à cultura. A maioria demonstrava algum apoio à área, mas cada um com sua própria visão – ora como artista, ora como gestor público, e sempre preocupado em não desagradar certos nichos de eleitores. Minha própria candidatura, por exemplo, era pautada na cultura e em propostas nas quais acreditava. No entanto, nenhum de nós obteve o apoio efetivo da classe, e nenhum foi eleito.

A consciência de classe, tão cobrada pela classe artística, especialmente de espectro político de esquerda, parece não ter o mesmo impacto dentro do próprio setor. Reuniões ocorrem sem a participação da classe; propostas são enviadas sem respostas de aprovação ou desaprovação; os apoios são, em sua maioria, tímidos. Na minha experiência, o principal apoio veio de áreas da Economia Criativa não vinculadas diretamente à arte.

Oportunidades perdidas e a realidade atual

Com 4 mil agentes culturais em Londrina, somados aos simpatizantes, e considerando outras 12 ou 14 áreas da Economia Criativa, como publicidade, mídia e artesanato, acredito que poderíamos eleger até três representantes. No entanto, atualmente estamos sem representação na Câmara, com apenas uma vereadora progressista, que enfrentará uma luta árdua para evitar que o retrocesso atinja áreas cruciais.

Infelizmente, não temos o apoio da população em geral, que nos vê como um “gasto desnecessário”, priorizando investimentos em saúde, segurança e educação. Não temos o apoio do executivo, já que os vencedores das eleições tendem a impor uma visão elitista e lucrativa de cultura, impulsionando apenas entretenimentos rentáveis. Sem o apoio da própria classe, estamos fadados a uma luta diária pela manutenção do mínimo – o avanço foi enterrado.

Reflexão e autoavaliação da classe cultural

E você, artista, técnico ou produtor cultural, como vê este resultado? Em que momento faremos nosso mea culpa como classe? Quando deixaremos de apontar o dedo para os “ignorantes” sem consciência de classe e voltaremos o olhar para nossas próprias falhas? É urgente que reflitamos sobre nossa coesão enquanto classe, e que possamos, juntos, construir uma base de apoio sólida, pois sem isso, os avanços que tanto desejamos continuarão sendo apenas uma utopia.

Retomamos a coluna após uma breve pausa durante o período eleitoral, uma pausa necessária por questões éticas e não legais, já que eu era candidata. A partir de agora, a cada quinze dias, falaremos sobre os diversos segmentos da Economia Criativa. Acompanhe-nos!

Edra Moraes

Os agentes culturais têm um índice notável de consciência de classe e um papel determinante na transformação social. Mas na hora de votar, apoios a candidatos ligados a cultura foram pequenos. Resultado: estamos fadados a uma luta diária pela manutenção do mínimo.

Profissional de marketing, produtora cultural e escritora. Agitadora cultural e idealizadora do Movimento Londrina Criativa. Prêmios:  Obras Literárias Digitais 2020“Antologia Poética | Seleção da AutoraMemorial Vivência, Literatura, Livro e Leitura UnesparCultura nas Redes 2020 e FCC Digital 2020. Me siga nas redes sociais: Facebook, Instagram @edra_moraes, YouTube @edra-moraes27. Contatos: e-mail edra.moraes27@gmail.com e fone/whatsapp: (41) 997722447.

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