Por professor Renato Munhoz
Vivemos em uma era onde o discurso ambiental está em voga. Políticos, empresas e até mesmo os indivíduos proclamam sua adesão aos valores de sustentabilidade, à preservação dos recursos naturais e ao combate às mudanças climáticas. Contudo, ao observarmos o mundo à nossa volta, percebemos que há uma grande distância entre o que se diz e o que se faz. O discurso, muitas vezes, parece uma fachada conveniente, enquanto a prática se perde no cotidiano de hábitos insustentáveis.
Essa distância entre o discurso ambiental e a prática não é fruto do acaso. Envolve interesses econômicos, falta de educação ambiental, dificuldades estruturais e, acima de tudo, a ausência de uma real conscientização sobre o impacto das ações humanas no meio ambiente. Para que possamos trilhar o caminho da sustentabilidade de forma efetiva, é preciso pensar em três passos que nos levem da palavra à ação: consciência, diálogo e práxis.
Consciência: o primeiro passo para a práxis sustentável
A consciência ambiental é o ponto de partida essencial. Sem ela, o discurso se esvazia e se transforma em mera retórica. É necessário compreender, de maneira profunda e pessoal, as consequências de nossas escolhas diárias. Seja ao consumir, ao produzir, ao descartar, ou ao simplesmente viver, cada ação possui um impacto, direto ou indireto, no meio ambiente.
Essa consciência, no entanto, não nasce sozinha. Ela precisa ser fomentada por meio da educação, da informação e da experiência. As escolas têm um papel fundamental, assim como os meios de comunicação e as redes sociais. Mas não basta conhecer os dados ou entender o impacto ambiental; é preciso sentir-se parte do problema e, mais ainda, da solução.
Diálogo: o caminho do discurso coletivo
O segundo passo, uma vez que a consciência está estabelecida, é o diálogo. E aqui, não me refiro a um discurso unidirecional, mas sim a uma conversa aberta e participativa, envolvendo todos os atores estratégicos. Empresas, governos, organizações da sociedade civil e, principalmente, as comunidades locais, precisam estar engajadas em um debate real sobre as práticas sustentáveis.
Esse diálogo deve ser construído com empatia e transparência, pois é nele que o discurso ambiental ganha substância. A sustentabilidade, afinal, não pode ser imposta de cima para baixo; ela deve ser cocriada. Somente com o diálogo é possível ajustar o discurso às realidades locais, às necessidades das comunidades e às especificidades de cada região.
Práxis: a transformação pela ação
Por fim, chegamos à práxis, o momento em que o discurso se transforma em ação concreta. E a práxis não é apenas o destino final, mas também o ponto de partida para novos ciclos de consciência e diálogo. Quando uma comunidade começa a aplicar práticas sustentáveis — seja por meio da agricultura regenerativa, do uso consciente da água ou da geração de energia limpa —, essas ações geram novas formas de ver e pensar o mundo.
A prática ambiental, ao contrário do que se pensa, não é um objetivo estático. Ela é dinâmica e mutável, adaptando-se às circunstâncias e realidades. Ao implementarmos soluções sustentáveis, aprendemos com elas, ajustamos o que não funciona e nos abrimos para novas possibilidades. Dessa forma, a práxis retroalimenta o processo de conscientização e diálogo, criando um ciclo virtuoso de transformação.
Um caminho sem retorno
A sustentabilidade exige, portanto, muito mais que um discurso bem formulado. Exige consciência individual e coletiva, um diálogo sincero e a coragem de agir. A práxis ambiental, longe de ser o fim da jornada, é um ponto de recomeço, pois nos leva sempre a novas reflexões e, consequentemente, a novas práticas.
Se queremos, de fato, aproximar o discurso ambiental da prática, é fundamental que esse ciclo seja iniciado e mantido. Apenas assim seremos capazes de transformar palavras em ações e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.
Professor Renato Munhoz
Educador, historiador, teólogo. Pós graduado em juventude gestão de programas e projetos sociais e educação ambiental.
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Foto capa: Free pik
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