Na minha saga de relatar meu tratamento dentário, hoje vou falar de um aparelho revolucionário para remoção do cálculo dentário que salvou minha vida
Telma Elorza
O LONDRINENSE
Como você viu na semana passada, nesta matéria aqui, passei três anos sem fazer uma limpeza completa, daquelas caprichadas feitas por dentistas, nos meus dentes. O resultado foi pior que eu esperava, já que considerava que eu tinha uma boa higiene bucal. Mero engano. Fio dental e escovação após às refeições não são suficientes para impedir e remover o cálculo dentário, mais conhecido como tártaro. Nesse período sem ir ao dentista, o tártaro se instalou e “cimentou” nos meus dentes.
A primeira sessão de “mão na massa” – ou boca, no caso -, no consultório do José Norberto Garcia Nesello, da Inplancare, começou com a remoção do “grosso” dos cálculos dentários. “Isso é necessário para fazer uma higiene melhor, para facilitar o acesso aos dentes”, diz. Segundo ele, o cálculo dentário é uma deposição da mineralização da placa bacteriana que muitos têm, já que todos têm bactérias na boca e é preciso fazer, além de uma boa higienização, visitas regulares ao dentista, pelo menos a cada seis meses. “Pessoas que têm propensão a terem problemas periodontais precisam encurtar essa visita. Ir de três em três meses, no máximo de quatro em quatro meses”, afirma. No meu caso, eu já estava com dificuldades para acessar alguns locais da boca, por causa da desarmonia no eixo dos dentes, onde não conseguia limpar adequadamente.
“A placa bacteriana vai sendo mineralizada pela saliva. As bactérias que estão ali, na boca, se juntam e vão sendo calcificadas nessa placa. Quando esse cálculo está acima da linha da gengiva, tem menos agressão. Quando ele começa a invadir o espaço periodontal (entrando abaixo da linha da gengiva), há mais agressividade, é mais difícil o paciente higienizar, as bactérias começam a ficar com um grau de patogenicidade (agressividade) maior e isso leva a perdas ósseas, pode levar a cárie de raiz. E o cigarro é um fator que ajuda a agravar o caso, porque a microvascularização fica afetada já que ele “queima” as terminações dos vasos sanguíneos e não há um bom controle da altura gengival. É preciso nutrir até a ponta da gengiva. Como o fumante perde parte nutricional do ápice dessa gengiva, ela vai abaixando também”, explica. Norberto lembra que o cigarro prejudica o corpo como um todo, inclusive a parte óssea. “E a boca nada mais é que uma ortopedia, mais específica. Nós temos ali tratamento de osso, de dentes. O restante é mais fácil tratar. Agora o tártaro é um agente invisível que às vezes fica dentro da gengiva, comprometida pelo fumo, e a pessoa não vê, e vai minando esse alicerce do dente. A pessoa perde um dente sem ter tido nenhuma cárie na vida, por causa desse processo inflamatório que é crônico, que não dói. E quando ele agudiza, aí ele expõe a área do dente, que é mais sensível”, conta.
A Inplancare tem um programa de profilaxia de alta performance controlada, que trabalha caso a caso. E o astro desse programa é um aparelho chamado AIRFLOW de tecnologia suíça. O aparelho utiliza um produto bem conhecido de quem tem diabetes ou faz regime de emagrecimento: Eritritol (sim, o adoçante natural que é ótimo para substituir o açúcar e sem gosto residual). “Nesse aparelho, o único do Paraná, é utilizado o eritritol, que tem uma granulometria muito fina – cinco vezes menor que as partículas de bicarbonato de sódio – , então ele não agride as mucosas e faz o polimento da superfície do esmalte e da raiz do dente. “Ele promove o ‘alisamento’ do dente, fazendo que retenha menos placa bacteriana. Além disso, ele tem também um componente bactericida”, explica Norberto. Associado a isso, a água utilizada no aparelho é mais aquecida que o comum. “Por isso chamamos de limpeza de alta performance, porque tem excelentes resultados e é menos dolorosa e agressiva que o convencional, com jato de bicarbonato ou de glicina”, conta.
Isso tudo eu fiquei sabendo depois que o Norberto fez a primeira limpeza. Eu estranhei mesmo que não senti nenhum incômodo e não tive nenhum sangramento nas gengivas. Cá entre nós, a limpeza é a hora que mais odeio em todos os tratamentos dentários que já fiz, porque sempre saia com a boca, gengivas e, às vezes, mucosas feridas, doendo mais que o próprio tratamento em si. Fiz uma vez a limpeza com bicarbonato e não doeu nem sangrou, mas “queimou” toda a mucosa da boca, dada agressividade do produto. Levei dias para me recuperar. Com a experiência do uso eritritol, fiquei muito mais feliz e animada para a próxima limpeza, já que nessa primeira o Norberto avisou que só tirou “o grosso”.
Segundo ele, a Inplancare trabalha o programa de profilaxia adequado às condições de cada paciente. Crianças ou adultos com dentes em boas condições, devem ir à clínica três vezes por ano. Parece exagero, mas não é. “Muitos estudos mostram que a bactéria que está na boca potencializa outros problemas de ordem sistêmica. O paciente diabético tem risco maior do problema periodontal trazer riscos cardíacos, além da endocardite bacteriana cuja origem pode estar em bactérias que estão na boca. Então esse acesso mais frequente previne doenças sistêmicas”, afirmou.
Agora, nos próximos passos vamos dar continuidade ao tratamento periodontal, que deve levar ainda mais uma ou duas sessões, e eu vou contando tudo para você.
Foto: O AIRFLOW para limpeza nos dentes sem agressão à boca – José Norberto Garcia Nesello
