Por professor Renato Munhoz
As aulas começaram nesta semana na maioria das escolas brasileiras e, com elas, uma nova realidade se impõe: a proibição do uso de celulares dentro das instituições de ensino, através da lei federal 15.100 de 2025. A medida, que visa combater os impactos negativos da dependência das telas, levanta debates acalorados, mas também abre portas para uma reflexão profunda sobre os rumos da educação e da convivência escolar.
Os impactos do uso excessivo das telas
Estudos apontam que o uso excessivo de celulares pode prejudicar a concentração, reduzir a capacidade de aprendizado e afetar a saúde mental dos estudantes. De acordo com uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 49% dos adolescentes brasileiros passam mais de quatro horas por dia conectados, muitas vezes sem propósito educativo. Esse fenômeno gera problemas como ansiedade, dificuldades de interação social e desatenção nas aulas.

O psicólogo e educador Howard Gardner, criador da teoria das inteligências múltiplas, alerta que a imersão constante no mundo digital pode prejudicar o desenvolvimento de habilidades sociais essenciais, como a empatia e a colaboração. O educador e pedagogo Paulo Freire também reforçava a necessidade de um aprendizado dialógico, baseado na interação e na reflexão crítica, algo que se perde quando os alunos estão focados apenas em dispositivos eletrônicos.
As oportunidades criadas com a lei
A proibição do uso de celulares nas escolas não deve ser encarada apenas como uma restrição, mas como uma oportunidade para resgatar valores essenciais da educação presencial. Com a necessidade de adaptação, as escolas terão a chance de reinventar o ambiente escolar, promovendo interações mais significativas entre alunos e professores.
Espaços de convivência poderão ser planejados para estimular o diálogo e a troca de experiências. Jogos de tabuleiro, rodas de conversa, atividades lúdicas e esportivas poderão ganhar espaço como alternativas ao entretenimento passivo proporcionado pelas telas.
Além disso, os professores poderão desenvolver metodologias mais interativas, promovendo o aprendizado ativo e a discussão crítica. Essa mudança pode contribuir para um ambiente mais engajado e produtivo, onde os alunos se sintam parte do processo educacional.
Novos caminhos para a Educação
A lei, por si só, não é suficiente para transformar a educação, mas oferece um norte. Cabe às escolas, aos professores e às famílias aproveitarem esse momento para repensar a forma como a tecnologia é utilizada no aprendizado. O desafio agora é construir um espaço escolar que valorize a interação humana, a criatividade e o pensamento crítico.
Se bem aproveitada, essa medida pode ser o início de uma revolução educacional que beneficie toda uma geração de estudantes. Estamos diante de uma oportunidade ímpar: transformar o tempo e o espaço da escola em ambientes mais ricos, mais humanos e verdadeiramente educativos.

Renato Munhoz
Educador, historiador, teólogo. Especialista em Juventude e em Gestão de Programas e Projetos Sociais. Pós em Educação Ambiental e Sustentabilidade. Me siga no Instagram @profrenatomunhoz
(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.