O desafio para manter a saúde mental

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Por Wilson Moreira (*)

A qualidade de vida social neste período em que vivemos, de uma maneira geral, pode ser considerada abaixo da recomendável. A predominância das relações virtuais em detrimento das relações físicas têm tornado as pessoas distantes em relação à afetividade. Não é raro presenciarmos encontros em que as pessoas dedicam toda a atenção ao celular em vez de prestar atenção a quem está ao lado. As relações virtuais tomaram conta da vida social.

O modo de vida em que vivemos concorre para que as pessoas tornem-se mais egoístas, focadas na expectativa dos outros em busca da aprovação para serem felizes. Ao mesmo tempo em que há uma maior facilidade de expor ideias, pela emergência da comunicação nas redes sociais, há também a facilidade da propagação de sentimentos não tão honrados, como ódio, ciúmes e inveja. Julgar tornou-se fácil e ser julgado uma experiência constante. É o que temos visto com frequência nas redes sociais com a ansiedade das pessoas em acompanhar postagens e em respondê-las para marcar a opinião nem sempre pedida ou desejada.

A qualidade de vida que a sociedade nos deveria dar, nesse século em chegamos com tantas conquistas nas áreas da ciência, da saúde e da comunicação, poderia ser muito melhor. Se conseguimos avançar na longevidade e no acesso a todos os bens básicos para sobrevivência, de uma maneira geral na sociedade; também é verdade que avançamos nos divórcios, na agressividade e no egoísmo. Tornamo-nos uma sociedade agressiva, sobretudo contra os mais vulneráveis, onde é imperioso ser forte seja em qualquer situação. A pressão é constante no enfrentamento da vida.

Por certo os males sociais não se resumem a questão das redes sociais ou do mau uso do celular, no entanto essa relação que temos com a comunicação instantânea tem nos causado um certo afastamento das relações saudáveis com as pessoas. Assim, é necessário um olhar diferente. Dedicar mais tempo a encontros físicos em que estejamos mais presentes de fato. Usar melhor o tempo em busca da manutenção da saúde mental, como se exercitar ou ler. Dedicar-se a tarefas simples como caminhadas e passeios ao ar livre com quem gostamos.

O desafio

É preciso desacelerar do modo de vida corrido, onde não há tempo pra nada, e quando há é geralmente usado em exposição nas redes sociais em busca de aprovação, causando quase sempre uma certa frustração. Muitas vezes o dia começa e termina em frustração e geralmente pelo desejo de dar conta do impossível.

Tornamo-nos uma sociedade agressiva, onde a pressão é constante. As redes sociais e o mau uso do celular têm nos afastado das relações saudáveis. O desafio é fortalecer as relações reais e não apenas virtuais
Fotos: Freepik

Precisamos de encontros de verdade. Encontros que nos façam refletir para onde a sociedade das relações virtuais há de nos levar e repensar nossas relações afetivas e como tratamos nossas emoções. A inteligência artificial que ora chega jamais chegará perto do cérebro humano em afetividade e emoção, mesmo sendo um grande avanço em diversas áreas. A inteligência mais importante e que precisamos cuidar bem é a inteligência emocional, pois sem ela teremos uma sociedade cada vez mais egoísta e degradada em suas relações humanas.

(*) Wilson Moreira é policial penal, cientista social, poeta e vice-presidente do diretório municipal do PCdoB em Londrina.

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