Sem anistia aos golpistas do 8 de janeiro

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Por Wilson Moreira

No dia 8 de janeiro de 2023, uma horda invadiu e depredou o coração do poder brasileiro. Pessoas levadas e motivadas por mentiras e ódio foram arrebanhadas e reunidas desde o resultado das eleições presidenciais com a intenção de impedir a posse do presidente eleito e golpear a democracia brasileira. Dia após dia acampados em frente a quartéis, com a complacência das forças armadas, suplicavam que os militares salvassem o Brasil do “comunismo”. Diariamente com discursos de ódio ao Supremo Tribunal Federal e ao presidente eleito, propagando mentiras sobre fraude eleitoral, alimentavam e incitavam a turba para preparar o terreno para um golpe de estado. Agora estão imbuídos em que seja extinta qualquer punição pelos seus atos.

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Nada foi improvisado, tudo planejado, pago e organizado por apoiadores do ex-presidente derrotado pela democracia nas urnas, apesar do uso de todo aparato do governo, mesmo de forma ilegal, para tentar se reeleger. O próprio ex-presidente sempre fez questão de incitar seus seguidores contra o sistema eleitoral, contra as urnas sempre dizendo que não são confiáveis, mesmo tendo ganhado até então todas as eleições em que disputou. A verdade é que o ex-presidente nunca gostou da democracia. Mesmo no governo, volta e meia flertava com um golpe militar.

As lembranças de 8 de janeiro

As lamentáveis imagens do dia 8 de janeiro de 2023 não podem e nem devem ser esquecidas. São o símbolo mais concreto de onde pode chegar a intolerância e o ódio alimentados pelas mentiras, pelas calúnias e pela distorção da realidade para justificar uma opção política. Tudo isso para manter poder, para manter a legião de seguidores prontos para tudo a fim de defender seu líder. A demonização da política faz parte desse roteiro, incentivar o ódio ao sistema político para poder viver da política, é o ideal contraditório deles. Toda oposição deve ser eliminada e tratada como coisa do diabo.

Sem anistia para os golpistas de 8 de janeiro de 2023, nada foi improvisado, tudo foi pago e orquestrado. Essas lembranças não devem sair da nossa mente.
Fotos: Arquivo/Agência Brasil

As imagens não devem ser esquecidas, no entanto é necessário que lembremos também o que poderia ter ocorrido se o golpe desse certo. Quem estaria sendo preso agora? Quem estaria sendo torturado? Quem estaria perdendo seus empregos? Quem teria que sair do país? Quem estaria sendo perseguido? Onde estaria a liberdade ou a liberdade de expressão que eles tanto dizem que prezam? Jornalistas, artistas, intelectuais, professores, sindicalistas… e todos os que de alguma forma lutam por direitos coletivos e pela verdadeira democracia estariam vivendo no pior dos mundos. Quem conhece a história do Brasil sabe como foram os “anos de chumbo”. Bem por isso deve haver punição aos envolvidos, principalmente incentivadores e aos planejadores. A punição é pedagógica.

O mais triste é ver a ignorância se orgulhar dela. Muitos têm sido guiados pelas mentiras e versões inventadas da realidade. Muitos dos que estão nesse barco estão de boa fé e são usados por essa boa fé para espalhar ódio e mentiras. Cristãos de verdade não vivem de ódio nem de mentiras, patriotas de verdade não destroem patrimônio público. Que a ignorância dê lugar ao aprendizado, ao conhecimento. E que o ódio seja convertido num amor à vida e à democracia a fim de que possamos conviver com as diferenças políticas, religiosas e todas as outras. É preciso lembrar 8 de janeiro de 2023 e continuar seguindo, com a certeza que podemos conviver em paz mesmo pensando diferente.

(*) Wilson Moreira é policial penal, cientista social, poeta e vice-presidente do diretório municipal do PCdoB em Londrina.

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