O papel das Feiras de Ciências para inclusão por meio da pesquisa

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Fábio Inácio Pereira e Luciene Cristina Mochi (*)

A escola tem importante papel como instituição social a serviço da educação científica e na socialização da produção de conhecimentos. No espaço escolar se tem contato com conceitos, técnicas, instrumentos da pesquisa sistemática e a compreensão do significado sociocultural da ciência como atividade humana transformadora e emancipadora.

O caráter multicultural da pesquisa científica é enfatizado nesse tipo de encontro e a riqueza do contato com estudiosos de formações culturais diversas, pesquisadores de outras instituições, diferentes regiões e nacionalidades, estimula os estudantes. Nas Feiras de Ciências a aprendizagem por meio do compartilhamento de pesquisas traz visibilidade e revela o caráter coletivo de todas as grandes conquistas científicas da humanidade. Em uma única feira pode-se encontrar experiências de diversos momentos da história da ciência mundial.

O apoio de especialistas possibilita ainda tornar essas feiras mais inclusivas, trabalhar e estimular estudantes com necessidades especiais ou transtornos de aprendizagem fortalecendo habilidades e proporcionando o desenvolvimento de uma educação emancipadora com qualidade. Todos os estudantes são motivados a exercitar a criatividade, pôr ideias de investigação e projetos em prática rompendo o ciclo de insucesso escolar.

Nas últimas décadas, a garantia de acesso à educação de qualidade para todos os estudantes tornou-se um dos grandes desafios do Brasil. No Instituto de Educação Estadual de Maringá (IEEM) e no Colégio de Aplicação Pedagógica (CAP/UEM), por exemplo, professoras das salas de Recursos em Altas Habilidades e Superdotação elaboram com os estudantes intenções de pesquisa (Enriquecimento Curricular) e buscam parcerias com as universidades para o atendimento a estas demandas de pesquisa.

A parceria escola-universidade acrescenta às produções científicas o saber elaborado, estudante e orientador passam a produzir sentido conferindo significado à formação educacional, o conhecimento além dos muros escolares. Possibilitar a conexão de um estudante com deficiência visual e estudantes videntes em uma partida de xadrez, por exemplo, é ampliar as possibilidades significativas do aprender. Ao proporcionar novas e diversas maneiras de exercitarem suas habilidades, estudantes e a comunidade escolar entram em sintonia com um novo modo de educação, próspera, equânime, em favor da integração de potencialidades.

A educação escolar, sobretudo na camada mais pobre da população, requer acesso à informação, democratização do conhecimento, ampliação do contato com recursos como a robótica que despertam para o lúdico e o plural da produção científica. O contato com a investigação amplia conhecimentos e ensina por meio do exercício da pesquisa, desmistifica a ideia de uma ciência distante, difícil. Assim, as feiras de ciências promovem um espaço de interconexão dos saberes, entre ensinar e aprender. A produção de sentidos se renova na troca de experiências e no protagonismo do trabalho docente na educação básica. O professor, antes de tudo, atua como um pesquisador cumprindo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em vigor.

Nas Feiras de Ciências é o potencial criativo, crítico e inovador de jovens entusiasmados com a possibilidade da descoberta e do encontro com ideias e ideações que prevalece. Encontram-se os mais diversos olhares sobre a natureza, o mundo, a sociedade e os problemas que afetam a humanidade. Esse exercício de atividade colaborativa, a argumentação sobre projetos apresentados e a estrutura do pensamento criativo, reforçam como estudantes e educadores formam uma ampla rede de pesquisadores em potencial motivados a desenvolver habilidades e compartilhar descobertas. 

(*) Fábio Inácio Pereira, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR Câmpus Maringá), é coordenador do Núcleo de Excelência Pedagógica e da Feira de Ciências Júnior com o apoio do CNPQ. Luciene Cristina Mochi é doutoranda em Educação e especialista em Educação Especial.

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Uma resposta

  1. Eu adorava feiras de ciências, foram nestas feiras que vi pela primeira vez crânios e fetos de animais, computador, animais empalhados, animais que tínhamos medo de chegar perto, como aranhas e cobras, etc.

    Na mesma década (anos 90), tive a oportunidade de fazer uma apresentação sobre “colchão de ar” que havia aprendi assistindo O Mundo de Beakman e gostei muito de colocar em prática.

    Não tenho dúvida sobre a importância destas feiras.

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