Por Telma Elorza
“Tenho 53 anos e estou divorciada há 10. Depois do divórcio, fiquei muito tempo sozinha. Há três meses conheci um rapaz de 34 anos e estamos namorando. Com ele, está sendo muito bom, mas meus filhos adultos não aceitam meu namorado. Eles aceitaram bem a nova esposa do pai deles, 30 anos mais jovem, mas implicam com ele e fazem um inferno na minha vida. O que faço? Devo terminar?”
Primeiro, vou responder sua perguntar: NÃO. Não deve terminar. E jusitifico: você não deve abrir mão de ser feliz por causa dos marmanjos que são seus filhos. Não tem essa de ‘ah, pelos meus filhos faço tudo’, depois de uma certa idade. Uma coisa é a mãe fazer de tudo pelos filhos quando são pequenos e dependentes. Outra totalmente diferente é deixar que esses marmanjos determinem como deve ser sua vida.
Você não disse o que seus filhos alegam para serem contra seu namoro, mas posso adivinhar: que ele está se aproveitando de você, que quer dinheiro, que vai lhe trair na primeira oportunidade que tiver, que ele é um canalha e está iludindo-a, que vai tomar tudo o que seu. E, pior: que você é velha e deveria se colocar no seu lugar e não ficar nessa posição ridícula. Enfim. Aqueles velhos preconceitos que toda mulher mais velha enfrenta quando OUSA se relacionar com alguém mais jovem.
Lamento informar, mas você criou filhos machistas e preconceituosos.
Sociedade machista aceita homens com mulheres mais jovens
Para a sociedade machista, é aceitável e comum um homem se relacionar e casar com uma mulher bem mais jovem, como seu ex-marido. Alguns podem até pensar que ela se casou por dinheiro, mas NUNCA, nunquinha vão falar isso na cara dele, muito menos infernizar a vida dele por conta disso. O homem pode fazer o que quiser, ele sempre vai sair com a reputação ilesa e até passar uma imagem de “garanhão poderoso”. Ou por ter dinheiro suficiente para bancar uma jovenzinha ou por ter conquistado a mesma.
Mas se a mulher ousa reivindicar o mesmo direito de ser feliz, ah, pronto. O mundo acaba.
Eu sei, vivi isso na pele. Tive namorados bem mais novos que eu. Alguns, até mais novos ou da idade do meu filho. Mas sofri isso de amigos, conhecidos, familiares e até desconhecidos. Do meu filho, não. Lembro quando, aos 50 anos, falei para meu filho, de 29, que estava namorando um rapaz de 27. A resposta dele foi dar uma risada e dizer: “a vida é sua, mãe”. Exatamente. A vida é minha. E, portanto, faço dela o que eu quiser.
Lógico que ouvi, muitas vezes, que o cara só estava comigo porque eu bancaria ele. Porque, além de ser velha – para a sociedade -, também sou gorda. “O que um cara iria querer com essa velha gorda? Dinheiro, claro”. Dei muita risada já sobre isso, porque além de “velha e gorda”, também sou pobre. Nunca banquei nada (nem um presentinho eu dei) além de jantares em casa, porque sou uma ótima cozinheira e adoro mimar quem eu amo como comidinhas, sejam eles família, amigos ou namorados.
Então, o que quero deixar bem claro é o seguinte: se você está feliz, pare de dar ouvidos aos outros. Cada um sabe onde seu calo aperta. Na era dos “sugar babies“, a mulher está bem esperta e sabe diferenciar quem está com a gente porque gosta de quem quer apenas dinheiro. E mesmo que você bancasse um sugar babby, qual seria o problema?
Se imponha perante seus filhos
Eu sugiro que, depois de tudo, você se imponha perante seus filhos e corte as críticas. Deixe claro que não quer mais ouvir um pio sobre o seu relacionamento e que quem não ficar feliz com isso, pode tomar “o caminho da roça e sumir”, como diria minha vó. Seus filhos precisam aprender a respeitar suas decisões e a lhe respeitar. Afinal, “a vida é sua, mãe”.
Espero ter ajudado.
Tem dúvidas sobre relacionamentos? Mande suas perguntas para telma@olondrinense.com.br
Quem é a Tia Telma
Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.
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Arte: Mirella Fontana
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