Paralimpíadas e o poder da inclusão

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Por Márcia Huçulak

O esporte tem dessas coisas: vibramos, torcemos, choramos, nos emocionamos e indignamos, ficamos decepcionados, surpresos, tristes ou felizes.

Essa montanha-russa de emoções faz com que competições esportivas tenham ampla adesão no mundo inteiro – principalmente os Jogos Olímpicos/Paralímpicos e a Copa do Mundo de futebol, que são competições de escala global.

Encerradas neste domingo, as Paralimpíadas de Paris reforçaram muito uma outra dimensão ao já profundo impacto dos esportes na sociedade: o poder da inclusão das pessoas com deficiência.

Por 12 dias, Paris atraiu o foco para cerca de 4.000 paratletas em 22 modalidades esportivas.

Quem acompanhou (mesmo que apenas poucas provas ou o só pelo noticiário) não tem como não se emocionar ao ver como esses atletas vencem desafios que parecem insuperáveis.

Das inúmeras disputas, emergiram situações e histórias inspiradoras de superação, que demonstram claramente: com condições adequadas, as pessoas conseguem desenvolver todo seu potencial.

“Condições adequadas” não são requisito necessário exclusivamente para pessoas com deficiência. Qualquer um precisa delas para não ter suas potencialidades subtraídas, dentro daquilo que cada um se propõe e pode fazer.

Como se sabe, no entanto, os obstáculos para as pessoas com deficiência são infinitamente maiores.

Paralimpíadas cada vez maiores

Paris deixou claro que, transpostas algumas barreiras, os avanços podem ser impressionantes. Houve uma série de recordes quebrados, sinal do avanço dos atletas. A cada edição, as Paralimpíadas recebem delegações maiores, sinal de ampliação dos programas em cada país.

Se antes os corpos não convencionais tinham receio de se expor, hoje eles buscam ampliar seus limites, mesmo com todas as dificuldades ainda existentes.

O desempenho e a superação, por sua vez, ajudam a desconstruir estereótipos e preconceitos sobre o que uma pessoa com deficiência “pode” ou “deve” fazer.

É toda uma nova perspectiva que se apresenta, contribuindo na conscientização da população sobre inclusão e, quiçá, em estímulo ao desenvolvimento de políticas públicas que provenham melhores oportunidades às PcDs.

Como destaquei neste espaço, na ocasião em que as mulheres tiveram um desempenho brilhante nas Olimpíadas de Paris (um mês atrás), tão importante quanto as medalhas é o exemplo e estímulo que nossos campeões e campeãs transmitem às pessoas.

No caso dos paratletas isso me parece ainda mais relevante, haja vista que, por conceito, a inclusão passa pelas pessoas com deficiência participarem ativamente da sociedade.

Se a prata inédita do paranaense Ronan Cordeiro no triatlo, se os incríveis seis ouros e dez pódios paralímpicos da nadadora Carol Santiago, se o recorde olímpico nos 1.500 metros de Yeltsin Jacques, se a dobradinha das brasileiras Jerusa Gerber e Lorena Spoladore nos 100 metros rasos e outras várias situações das disputas estimularem mais pessoas com deficiência a buscar programas em suas cidades, a Paralimpíada terá dado um resultado infinitamente mais impactante para a sociedade do que os “simples” resultados no quadro de medalhas.

Número de medalhas diz muito sobre como o paraesporte é tratado por um país, só não diz tudo.

É gratificante também ver que o Paraná tem uma participação de destaque neste cenário. Foram 28 paratletas e técnicos do estado em Paris – sendo que o Time Brasil contou com um total de 255 atletas.

Conquistamos medalhas importantes, como a dos já citados Ronan Cordeiro (triatlo) e Lorena  Spoladore (atletismo), além da dobradinha de Débora e Beatriz Carneiro (natação) e Vinícius Rodrigues (atletismo). O técnico de tiro esportivo James Walter participou de sua quarta Paralimpíada.

O esporte, enfim, tem o potencial de derrubar barreiras e transformar limite em possibilidade, mostrando que a verdadeira força de uma sociedade está na inclusão de todos, no respeito às diferenças e na diversidade.

Foto: Comitê Paralímpico Internacional

Márcia Huçulak

As Paralimpíadas, cada vez mais maiores, mostram a importância da inclusão para que as pessoas com deficiência participarem ativamente da sociedade
Divulgação/Alep

Como secretária de Saúde de Curitiba (2017/2022), liderou o enfrentamento da pandemia de covid-19 na capital – trabalho reconhecido nacionalmente. Formada em Enfermagem pela PUC-PR, tem mestrado em Planejamento de Saúde pela Universidade de Londres (Inglaterra) e especialização em Saúde Pública pela Fiocruz. Elegeu-se deputada estadual em 2022 pelo PSD, sendo a mulher mais bem votada do estado e a mais votada (entre homens e mulheres) de Curitiba. Encontre a Márcia Huçulak nas redes: site
www.marciahuculak.com.br; Instagram: @marciahuculak; Facebook: Márcia Huculak. Telefone gabinete: (41) 3350-4223.

Leia mais colunas de Márcia Huçulak – Mulher na Política

(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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