Inovemm discutirá inovações, mas ignora princípios ESG entre elas
Suzi Bonfim
Especial para O LONDRINENSE
Com uma queda de produtividade em torno de 15%, a indústria na região norte do Paraná busca alternativas para recuperar o potencial de produção tendo como foco a inovação. No setor eletrometalmecânico, considerado um dos cinco mais promissores da economia regional, com 3041 indústrias e mais de 18,4 mil trabalhadores, a discussão, nesta terça (7) e quarta-feira (8), é realizada no evento Inovemm 2022, que acontece no Buffet Planalto (Avenida Tiradentes, 6429). A abertura oficial será às 13h30.
O Sindicato das Indústrias, Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos do Norte do Paraná (Sindimetal), que realiza o evento em parceria com instituições como o Sistema Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) e Sebrae, aponta o grande desafio das empresas (mais de 670 localizadas só em Londrina), diante de um cenário em que faltam investimentos e interesse político do setor público. Londrina perde espaço e investimentos ao protelar a implantação do parque industrial do município, na avaliação da entidade.
“Uma pesquisa recente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), constatou que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor caiu de 22% para 15%. A região norte, mais ligada ao agronegócio e em comércio e serviços, sem foco na industrialização, não conseguiu atrair investimentos e faltam políticas públicas. Um exemplo é o Plano Diretor do município de Londrina, que já foi aprovado, é adequado, mas ainda depende de uma série de leis complementares para ser concretizado. Sem isso, não dá para novas indústrias se instalarem”, constata o presidente do Sindimetal, Marcus Vinicius Gimenes. “O condomínio industrial daqui está parado, enquanto cidades vizinhas, como Cambé e Ibiporã, se mexeram e têm menos burocracia no processo de instalação. Londrina tenta reverter o quadro para atrair empresas, mas apenas em casos isolados”, ressalta Gimenes.
INOVAÇÃO
Considerando fatores para a queda na produtividade da indústria, como a pandemia, a falta de matéria prima, a alta da inflação e dos juros e os reflexos dos mais de 100 dias de guerra entre a Rússia e Ucrânia no mercado internacional, a cadeia eletrometalmecânica discute como avançar basicamente no tripé: Produto, Processo e Gestão.
Em princípio, analisar as demandas do mercado e internas, norteiam os investimentos. “Quando você inventa um produto, melhora ou dá uma nova aplicação para este produto, estamos inovando o uso do produto. Ao produzir mais rápido, com mais qualidade e uma tolerância dimensional menor em um sistema mais atualizado, estamos inovando em processo e se você pega ferramentas de gestão como os do sistema de qualidade (ISO) já conhecidos e automatiza o processo de inspeção, por exemplo, está inovando em gestão. Imagine que você tem uma carga de madeira e tem que contar quantas unidades existem, agora é só bater uma foto e tem um aplicativo que te diz quantas peças têm na carga”, explica Gimenes.
O presidente do Sindimetal admite que o “robô sozinho, não resolve”. Mais do que tecnologia, a capacitação profissional é necessária para fazer o sistema funcionar. “O fator humano sempre vai ser o diferencial em qualquer atividade. Por isso, quando se fala em inovação estamos falando em capacitação”, assegura.
Princípios ESG
Environmental, Social and Corporate Governance (ESG) ou Ambiental, Social e Governança Corporativa se referem ao conjunto de ações ambientais, sociais e de gerenciamento. Mas práticas relacionadas a este conceito, que estão sendo cada vez mais difundidas em corporações nos quatro cantos do mundo, ainda parecem incipientes no setor eletrometalmecânico do Norte do Paraná.
Desde 2018, com a criação da Governança do Ecossistema de Inovação EletroMetalMecânico, o Inovemm, o Sindimetal conduz a discussão sobre a criação de ambientes favoráveis ao desenvolvimento da indústria, competitividade empresarial e inovação. O tema está inserido no contexto do evento, porém, pouco se fala em sustentabilidade, compromisso que tem impacto direto no consumo e no mercado financeiro. Segundo matéria publicada na Forbes, existem mais de 500 fundos de investimentos ligados à sustentabilidade só nos Estados Unidos.
Marcus Gimenes fala em moderação e destaca a preocupação com o que pode, segundo ele, ser passageiro. “Nós estamos analisando os requisitos da prática ESG com cautela já que, o que está sendo disseminado, pode não passar de uma tendência momentânea, uma moda no mercado. De qualquer forma, estamos atentos e há alguns exemplos de empresas do setor que já adotam algumas práticas. Entre elas está a Tamarana Tecnologia, um case de sucesso, uma pérola ecologicamente perfeita que inspira outras empresas. O Sindimetal, por sua vez, acionou a Fiep para capacitação de pessoas com deficiência que terão 5% das vagas do setor”, ressaltou o presidente da entidade.
Os padrões socioambientais e de governança surgiram há quase 20 anos em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial. Os cinco princípios socioambientais e de governança são:
1. Viabilizar a gestão de resíduos e a conscientização da equipe
2. Reduzir os riscos no ambiente de trabalho
3. Desenvolver programas de benefícios aos colaboradores
4. Promover a diversidade e inclusão dentro da empresa
5. Implementar programas de treinamento e desenvolvimento
Foto: MGL/Sindemetal